quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Reconhecendo os erros

Olívia de Cássia – jornalista

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, assumiu nesta quinta-feira (1º) que cometeu erros em seu segundo mandato. O reconhecimento dessa culpa foi feito publicamente, em uma entrevista na Rádio CBN. “Sem dúvida aqui no Rio, eu também cometi erros. Erros de diálogo, erros de incapacidade de dialogar, que sempre foi a minha marca”, pontou Cabral.

Esse reconhecimento foi diante do questionamento a respeito das manifestações que estão acontecendo naquele Estado. “Acho que da minha parte faltou mais diálogo, uma capacidade de entendimento e de compreensão, poderia citar várias situações em que essas questões se deram. Mas, eu não sou uma pessoa soberba, que não está aberta ao diálogo. Para mim, a democracia é um bem intangível”, disse Cabral.

A afirmação do governador, pode até ser demagógica como a da maioria dos políticos que conhecemos e estamos acostumados a conviver, mas me fez pensar como seria bom se todos nós reconhecêssemos nossos próprios erros: é uma virtude, não só para o gestor de um Estado como o Rio de Janeiro. Ele pode ter cometido todos os enganos do mundo, mas o fato de reconhecê-los publicamente já ganha pontos comigo.

Estamos acostumados a presenciar arrogância de muitos homens públicos diante de questionamentos da imprensa a respeito de seus equívocos. Não há nada pior num ser humano do que a arrogância e a capacidade de se achar o dono da verdade.

É difícil para muitas pessoas adotarem em seu comportamento uma atitude de humildade e reconhecer os próprios erros numa cultura como a nossa. Raramente se encontra uma atitude de arrependimento numa sociedade competitiva e a gente que convive no dia a dia com diversos tipos de caráter sabe disso.

Quase ninguém reconhece que está errado e diz: "Estou errado. Sinto muito; por favor, me perdoe", “muito obrigado”, “fique com Deus”. Pelo contrário: com muita frequência a gente escuta: "Vou processar você! Vou levá-lo à Justiça”, “Você vai se dar mal".

Tenho a fama diante de alguns colegas de ser tola demais e condescendente com algumas pessoas. Nessa época globalizada, a palavra humilde mudou de significado e foi deturpada para pobreza de espírito e \ou ignorância e fraqueza.

O escritor e blogueiro Roberto Recinella observa que humildade é a coragem de assumir que posso estar errado e exige a responsabilidade de aprender com as experiências e conhecimentos disponíveis ao seu redor. “Segundo a filosofia judaica, se a tolerância é o motor da vida, a humildade é o seu combustível”, destaca o escritor.

Muitas pessoas têm vergonha ou orgulho de reconhecer que cometeram algum engano, em alguma prática ou fala diante dos outros e mesmo tendo as evidências desses enormes enganos são renitentes, intransigentes e não admitem seus erros. Eu já cometi infinitos enganos na vida e aprendi com meus pais a arte da humildade: isso não  quer dizer que tenhamos que ser submissos e baixar a cabeça perante o seu semelhante.

 “Às vezes somos complacentes demais com nossos erros, agimos com uma condescendência que não usamos para com os erros dos outros. Dois pesos e duas medidas. Saber que errou e não voltar atrás é ter compromisso com o erro. Se você percebe que errou e acha que esse erro não foi uma besteira qualquer, pode tirar dele uma lição”, escreve Manuel Felipe em seu Facebook.


Talvez o que penso e o que digo não possam interferir na opinião do outro, não tenha muita serventia para muita gente ou alguém possa achar que seja hipocrisia de minha parte falar sobre assuntos outros que não pertençam a minha seara de jornalista. Mas tenho desenvolvido um aprendizado profundo a cada dia depois que adotei novas práticas em meu comportamento. Bom dia e fiquem com Deus. 

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