Olívia de Cássia - Repórter
Os sem-teto que ocupam o prédio do Edifício Palmares, do Instituo
Nacional do Seguro Social (INSS), na Praça dos Palmares, no domingo, 28,
permanecem no local, mesmo com uma determinação do juiz federal Paulo Machado
Cordeiro, da terceira Vara, determinando a desocupação.
Segundo o juiz federal Paulo
Cordeiro, peritos de elevada capacidade técnica fizeram levantamento atestando
que o imóvel não é seguro, pois as instalações elétricas, hidráulicas e
estruturais oferecem riscos às pessoas. “Há fios soltos que tocam locais onde
há passagem de água e outras irregularidades. São estruturas antigas e
danificadas, mas isso não significa que o prédio vai desabar”, observa o juiz.
“O prédio foi interditado como
repartição pública por questões de segurança aos servidores que ali
trabalhavam. Se não pode funcionar como repartição pública, imagine acomodar as
famílias”, disse o juiz Paulo Cordeiro, acrescentando que a retirada dessas
famílias deve ser feita por órgãos como o setor de gerenciamento de crise da
Polícia Militar, com o apoio da Polícia Federal, sempre por meio de
conscientização dessas pessoas dos riscos ali existentes.
Segundo as lideranças dos sem-teto, os movimentos Via do
Trabalho e Movimento de Luta pela Terra comandam as 500 famílias que estão
divididas em dois prédios: o Edifício
Palmares e o Ary Pitombo, fechado para reforma.
Dona Ivone da Silva, uma das lideranças do movimento, disse
que os movimentos conseguiram mais cinco dias para permanecer no local, com a
intervenção da vereadora Heloísa Helena (PSOL) e disse que espera que nesse
prazo as autoridades alagoanas consigam um local para abrigar a todos.
“Esperamos que consigam algum local para a gente ficar e as
autoridades encontrem uma solução, um terreno para que as famílias não sejam
despejadas novamente”, disse dona Ivone. Segundo ela, os movimentos estão
lutando, além da moradia, alimentação para as famílias, fraldas e leite para as
crianças. Ela disse que neste sábado farão um levantamento de quantas crianças
estão no local.
Janicleide Maria da Silva tem três filhos e disse que morava
no bairro da Santa Lúcia e que quem pagava o aluguel da casa onde morava era um
cunhado seu que faleceu. “Como eu não tenho como pagar o aluguel estou no
movimento na esperança de ter uma casa”, disse ela.
Enquanto a reportagem fazia a entrevista, algumas mulheres
lavavam panelas e pratos, num cano quebrado próximo à entrada do prédio. Alguns
sem-teto disseram que escutam barulhos à noite. “Estalos nas janelas do
prédio”. Eles também disseram que tiveram a informação que o prédio já cedeu 30
centímetros.
GERENCIAMENTO DE CRISES
O major Givaldo, do Gerenciamento de Crises da Polícia
Militar, concordou que o prédio oferece riscos às famílias que fizeram a
ocupação e disse que a qualquer momento pode acontecer ali um sério problema:
“O prédio está condenado e eles só estão lá porque ainda não recebemos o
documento oficial do juiz autorizando a saída. Não chegou nada oficial para o
Centro de Gerenciamento de Crises e quando chegar vamos estudar como vamos
fazer a desocupação. Desconheço essa informação de que a vereadora Heloísa
Helena (PSOL) teria conseguido o adiamento da desocupação, porque ela não tem
poder para isso”, pontua o major.
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