domingo, 4 de agosto de 2013

Sem–teto continuam no prédio interditado mesmo com determinação judicial

Olívia de Cássia - Repórter

Os sem-teto que ocupam o prédio do Edifício Palmares, do Instituo Nacional do Seguro Social (INSS), na Praça dos Palmares, no domingo, 28, permanecem no local, mesmo com uma determinação do juiz federal Paulo Machado Cordeiro, da terceira Vara, determinando a desocupação.

Segundo o juiz federal Paulo Cordeiro, peritos de elevada capacidade técnica fizeram levantamento atestando que o imóvel não é seguro, pois as instalações elétricas, hidráulicas e estruturais oferecem riscos às pessoas. “Há fios soltos que tocam locais onde há passagem de água e outras irregularidades. São estruturas antigas e danificadas, mas isso não significa que o prédio vai desabar”, observa o juiz.

“O prédio foi interditado como repartição pública por questões de segurança aos servidores que ali trabalhavam. Se não pode funcionar como repartição pública, imagine acomodar as famílias”, disse o juiz Paulo Cordeiro, acrescentando que a retirada dessas famílias deve ser feita por órgãos como o setor de gerenciamento de crise da Polícia Militar, com o apoio da Polícia Federal, sempre por meio de conscientização dessas pessoas dos riscos ali existentes.

Segundo as lideranças dos sem-teto, os movimentos Via do Trabalho e Movimento de Luta pela Terra comandam as 500 famílias que estão divididas em dois prédios:  o Edifício Palmares e o Ary Pitombo, fechado para reforma.

Dona Ivone da Silva, uma das lideranças do movimento, disse que os movimentos conseguiram mais cinco dias para permanecer no local, com a intervenção da vereadora Heloísa Helena (PSOL) e disse que espera que nesse prazo as autoridades alagoanas consigam um local para abrigar a todos.

“Esperamos que consigam algum local para a gente ficar e as autoridades encontrem uma solução, um terreno para que as famílias não sejam despejadas novamente”, disse dona Ivone. Segundo ela, os movimentos estão lutando, além da moradia, alimentação para as famílias, fraldas e leite para as crianças. Ela disse que neste sábado farão um levantamento de quantas crianças estão no local.

Janicleide Maria da Silva tem três filhos e disse que morava no bairro da Santa Lúcia e que quem pagava o aluguel da casa onde morava era um cunhado seu que faleceu. “Como eu não tenho como pagar o aluguel estou no movimento na esperança de ter uma casa”, disse ela.

Enquanto a reportagem fazia a entrevista, algumas mulheres lavavam panelas e pratos, num cano quebrado próximo à entrada do prédio. Alguns sem-teto disseram que escutam barulhos à noite. “Estalos nas janelas do prédio”. Eles também disseram que tiveram a informação que o prédio já cedeu 30 centímetros.

GERENCIAMENTO DE CRISES


O major Givaldo, do Gerenciamento de Crises da Polícia Militar, concordou que o prédio oferece riscos às famílias que fizeram a ocupação e disse que a qualquer momento pode acontecer ali um sério problema: “O prédio está condenado e eles só estão lá porque ainda não recebemos o documento oficial do juiz autorizando a saída. Não chegou nada oficial para o Centro de Gerenciamento de Crises e quando chegar vamos estudar como vamos fazer a desocupação. Desconheço essa informação de que a vereadora Heloísa Helena (PSOL) teria conseguido o adiamento da desocupação, porque ela não tem poder para isso”, pontua o major. 

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