Olívia de Cássia – Repórter
A dengue é uma doença grave e que pode matar se não for
cuidada com rapidez e diagnosticada com eficiência. Ela atinge mais de cem mil
pessoas por ano no mundo e no Brasil é uma das de maior impacto.
Em Alagoas, a
doença teve redução de casos este ano, mas a preocupação das autoridades da
área de saúde com relação ao problema continua, devido a esse período de tempo
inconstante de chuva e sol, que propicia o acúmulo de águas e a proliferação do
Aedes aegypti, transmissor da doença.
Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da
Secretaria Estadual (Sesau), Sandra Tenório Accioly Canuto, em 2012 o Estado
teve 28.271 casos e 13 óbitos confirmados: em 2013, no mesmo período, 9.347
casos e dois óbitos. “Isso demonstra uma redução de mais de 66% no número de
casos e de 85% de óbitos”, observa.
Anualmente todos os municípios do Estado são afetados pela
doença. Este ano, até o momento, segundo Sandra Canuto, apenas Penedo, Coité do
Nóia e Maragogi apresentaram epidemia. A
superintendente em Saúde observa que nesses oito meses do ano aconteceram
óbitos por conta da dengue nos municípios de Dois Riachos e Estrela de Alagoas.
Mesmo
com a redução dos casos no Estado observado pela superintendente Sandra Canuto,
a doença ainda é um problema devido à falta de cuidados da população nos
seguintes aspectos: com relação ao descarte de pneus, casas com piscinas que
são pouco usadas nesse período, lixo em terrenos baldios, ferros-velhos e
borracharias, que podem acumular água, entre outros locais.
FISCALIZAÇÃO
PREVENTIVA
Preocupada com os focos de mosquito que podem aparecer nessa
época do ano, no próximo dia 26, uma ação integrada entre Ministério Público
(MP), Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Slum), Secretaria Municipal de
Saúde (SMS), Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) Batalhão de Policiamento da
Capital e outras instituições do Estado, denominada Fiscalização Preventiva
Integrada (FPI) vai identificar focos de dengue e pretende atingir cem alvos,
num primeiro momento.
A informação é do diretor de Operações da Slum, Pablo
Ângelo. Segundo ele, a Slum já notificou 27 donos de terrenos baldios e 11 já
se adequaram à lei, que diz que todo proprietário tem que mantê-lo limpo e
cercado. A lei também determina que o proprietário tem cinco dias para começar
a limpeza do terreno e 30 para concluir.
“Aquele que não
cumprir será autuado; a prefeitura vai fazer a limpeza do local e fazer a
cobrança no IPTU”, observa. Pablo Ângelo diz ainda que cada secretaria tem a
sua competência dentro da Fiscalização Preventiva.
Já Manoel Gomes, que coordena a equipe da Secretaria
Municipal de Saúde de Maceió, destaca que a campanha de prevenção e combate à
dengue está ativa e que vai participar juntamente com as outras secretarias da
FPI.
Ele ressalta que os bairros nobres da capital alagoana são os locais mais
difíceis de fazer uma campanha de conscientização, porque muitos apartamentos
estão fechados. “A população deve ter a preocupação e ter cuidado com os focos
de mosquito”, observa o coordenador.
Infectologista alerta
a população para os sintomas da doença
A dengue é uma doença que tem um período de incubação de
três dias para se manifestar e os sintomas geralmente também duram três dias,
na maioria das pessoas. Segundo a médica infectologista Adriana Ávila, se o
problema se agravar a pessoa tem que fazer todos os exames para investigar se
está tendo dengue hemorrágica.
Atualmente, a dengue é considerada um dos principais problemas de saúde
pública de todo o mundo e existem quatro tipos diagnosticados da doença, já que
o vírus causador possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
Alguns sintomas da doença são: febre alta, dor de cabeça,
dor atrás dos olhos, moleza no corpo, dores nas articulações. Adriana Ávila
observa que a população alagoana ainda não está conscientizada sobre a questão
da doença. Ela observa que muitas pessoas só se lembram de prevenir a
infestação do mosquito quando há uma epidemia; quando passa, voltam a esquecer.
Por esse motivo, a médica avalia que deveria haver mais campanhas educativas.
“Muita gente só se lembra da doença quando há uma epidemia,
quando passa, esquece, aí cuida pouco. Avalio que deveria ter mais campanhas
educativas e cotidianas: nas escolas e nos meios de comunicação, com cartazes,
palestras, orientação nas praias, pois o mosquito está ‘mais sabido’ e não se
prolifera mais apenas em água limpa”, observa.
As filas e a espera para o atendimento, o não reconhecimento
do problema pelo médico, de imediato, são fatores que podem agravar o problema
que, se for detectado com precisão e houver um rápido atendimento, há alta
possibilidade de sobrevivência, segundo a infectologista. Ela pontua que às
vezes o médico pode não tratar adequadamente o paciente, que precisa estar
atento aos sinais de agravamento dos sintomas.
“Se os sintomas se agravarem é necessário o internamento
hospitalar, o paciente precisa fazer o hemograma e todos os outros exames; mas,
se para quem tem acesso fácil à saúde já é difícil, imagine para quem não tem e
vem do interior”, diz. Adriana Ávila orienta que se a pessoa tem febre ou outro
sintoma da doença procure logo um médico para confirmar o diagnóstico. “Às
vezes não é preciso fazer o hemograma, mas se forem graves os sintomas, sim”,
destaca.
A pessoa com dengue, segundo a médica, deve se hidratar com
o aconselhamento médico. “O médico vai dizer a quantidade de líquido que o
paciente deve tomar, segundo o seu peso; tomar água, chá suco, soro de
reidratação, repouso. Não pode tomar refrigerante nessa fase, nem
anti-inflamatórios e nem injeções”, pontua.
Boletim Semanal da
Sesau notifica 92 casos
O último Boletim Informativo Semanal Epidemiológico da
Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), tabelado em 19 de agosto, indica que até
o dia 10 do mesmo mês foram notificados 9.347 casos da doença no Estado e
confirmados 4.181. O boletim também indica que estão sob investigação 3.125 e
2.041 foram descartados. Na última semana tabelada foram notificados 92 casos
no Estado.
O boletim, que é expedido toda terça-feira, indica ainda que
a faixa etária mais atingida pela dengue foi de 20 a 39 anos, com 29 casos (de
1º janeiro até o dia 10 de agosto), seguidos pelos de 40 a 59 anos, com 23
casos e de dez a 19 anos, 19 casos. Ainda segundo o boletim da Sesau, 17
crianças de um a nove anos foram afetadas pela doença no Estado. A amostragem
por sexo do boletim indica que dos casos apontados, 53 foram de homens e 44 de
mulheres.
Apesar da redução nos números de casos da dengue no Estado,
46 municípios foram noticiados com confirmação laboratorial, 49 estão com
risco, 32 em alerta e em situação epidêmica estão três municípios: Penedo,
Coité do Nóia e Maragogi, como mencionou Sandra Canuto. Na capital alagoana há
risco de surto nos bairros de Cruz das Almas, Jatiúca, Mangabeiras, Ponta
Verde, Pajuçara, Poço, Ponta da Terra, Complexo Benedito Bentes; em alerta
estão o bairro do Prado, Ponta Grossa, Levada, Pontal da Barra e Trapiche.
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