quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Exposição exagerada à TV e computador prejudica desenvolvimento das crianças

Olívia de Cássia
Repórter

A exposição em excesso das crianças à televisão, videogames e computadores é vista por profissionais da educação como prejudiciais à saúde e ao desenvolvimento intelectual delas, pré-condicionam a mente a esperar altos níveis de estimulação, o que gera falta de atenção mais tarde.

Segundo esses profissionais a criança acaba interagindo com a máquina. Em Maceió, a professora Martha Mendes, da Escola Estadual Rubens Canuto, que ensina do sexto ano do fundamental ao terceiro do ensino médio, avalia que um tempo exagerado de exposição de crianças à televisão e ao computador é prejudicial ao seu desenvolvimento.

Ela observa que os pais têm que acompanhar isso. “Até as babás, para se livrarem do trabalho, colocam as crianças à frente da televisão”, destaca.

Segundo Martha Mendes, esse tempo exagerado coloca as crianças interagindo com máquinas, como isso, segundo ela, “gera agressividade e violência”, diz a professora, acrescentando que as mães têm que ter cuidado e acompanhar o que as crianças estão assistindo: “Filmes, desenhos e novelas agressivas geram violência. Eu não gosto de televisão, minha filha não deixa meu neto ver o Pica-Pau porque diz que é violento”, ensina.

Outro ponto destacado pela professora Martha é que as crianças vêm nas novelas uma realidade que não existe, que não é delas. “Elas vêm roupas caras, de marca, e querem comprar, celular de última geração também querem comprar. Os meus alunos têm celular que eu não tenho”, conta a professora.

A psicóloga clínica e doutoranda em Psicologia Rosânia Lisboa da Silva disse que não existe nada cem por cento bom ou mal, mas observou que as crianças que fazem mais uso do computador têm um prejuízo, porque ainda estão em formação. “Há um transtorno de dificuldade de atenção”.

Segundo ela, a televisão, jogos eletrônicos e computador, desencadeiam algumas características de personalidade. “Alguns estudiosos afirmam ser a causa de alguns se tornarem sociopatas, psicopatas, porque perderam a noção de negociação das regras, não existe mais o brincar na rua“, explica.

A exposição exagerada da criança à televisão e ao computador, segundo a psicóloga, gera transtornos como a diminuição do rendimento escolar, comportamento antissocial é prejudicial ao desenvolvimento físico, porque ficam muito tempo sem fazer movimentos, causando o aumento de peso porque não gastam energia.

 “Elas passam a não se alimentar corretamente e comem comidas prontas, quase sempre prejudiciais, como salgados, refrigerantes, chicletes, entre outros”, ressalta Rosânia Lisboa.

Segundo ela, essas crianças quando chegam à fase adulta têm problemas de saúde, “diminuição da atividade mental, problemas oculares, não estímulo do cérebro, não sabem fazer uma conta porque o computador já dá tudo pronto, muitas vezes não sabem como resolver operações fundamentais e vão perdendo a forma de criar novos amigos”, destaca.

Rosânia disse que fica admirada porque “as crianças mandam mensagens para colegas que moram no próprio condomínio, quando poderiam ir até a amiga e conversar. Tudo hoje é internet e com isso a ortografia vai se perdendo, o Português vai para o lixo e não sabem escrever corretamente”, pontua a psicóloga.

Ela destaca, no entanto, que isso vai muito da estrutura familiar da criança e que os pais têm que direcionar o filho e não o contrário. Ela acrescenta que a criança tem que ter horários: e que tudo o que é de mais ou de menos prejudica.


“Tem que ver como é o ambiente em casa, se a criança está sendo estimulada, porque é  muito cômodo para os pais deixarem os filhos na frente de um computador ou de uma televisão, porque não terão trabalho de ficar olhando, da mesma forma que seria se tivessem andando de bicicleta na rua. A estrutura familiar leva a isso”, observa. 

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