A Lei Maria da Penha (de número 11.340/2006), criada para
garantir assistência às mulheres vítimas de violência no Brasil, completou
nesta quarta-feira, 7, sete anos. Em Alagoas a medida contribuiu para o aumento
no número de denúncias, mas o número de mulheres violentadas em seus direitos e
mortas por conta da violência, ainda é destaque. Para comprovar isso não
precisa ir muito longe: é só acompanhar o noticiário.
A lei mudou o Código Penal Brasileiro e por meio dela, torna
possível a prisão preventiva e em flagrante dos agressores de mulheres. A Maria
da Penha também exclui a aplicação de penas alternativas, aumentando o período
de detenção dos agressores de um para três anos. Segundo um balanço realizado pela Secretaria
de Estado da Defesa Social (Seds), a lei enquadrou 26.477 casos de agressão
contra a mulher em Alagoas, de 2008 a 2012.
Só este ano, segundo dados divulgados pela imprensa local, as
delegacias de Maceió, especializadas na defesa da mulher, receberam 2.171
registros de agressão de janeiro a julho. Segundo especialistas, o crescimento das
denúncias, com o passar dos anos, representa uma maior confiabilidade das
mulheres na Justiça por mérito da aplicação da Lei Maria da Penha. No entanto, algumas
mulheres, ainda levadas pelo sentimento,
relutam em denunciar seus agressores. Muitas ainda acreditam que possam
mudar de comportamento.
“A Lei Maria da Penha incorporou o avanço legislativo
internacional e se transformou no principal instrumento legal de enfrentamento
à violência doméstica contra a mulher no Brasil, tornando efetivo o dispositivo
constitucional que impõe ao Estado assegurar a assistência à família, na pessoa
de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência, no
âmbito de suas relações” (art. 226, § 8º, da Constituição Federal).
Os benefícios alcançados pelas mulheres com a Lei Maria da
Penha são inúmeros. A Lei criou um mecanismo judicial específico - os Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres com competência cível e
criminal; “inovou com uma série de medidas protetivas de urgência para as
vítimas de violência doméstica; reforçou a atuação das Delegacias de
Atendimento à Mulher, da Defensoria Pública e do Ministério Público e da rede
de serviços de atenção à mulher em situação de violência domestica e familiar”,
segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres, instituição do governo
federal.
Além disso, segundo a Secretaria, a lei previu uma série de
medidas de caráter social, preventivo, protetivo e repressivo; “definiu as
diretrizes das políticas públicas e ações integradas para a prevenção e
erradicação da violência doméstica contra as mulheres, tais como: implementação
de redes de serviços interinstitucionais, promoção de estudos e estatísticas,
avaliação dos resultados, implementação de centros de atendimento
multidisciplinar, delegacias especializadas, entre outras prerrogativas”, diz o texto.
A Lei Maria da Penha foi um dos principais avanços
conseguidos pelos movimentos sociais e reconhece a obrigação do Estado em
garantir a segurança das mulheres nos espaços público e privado ao definir as
linhas de uma política de prevenção e atenção no enfrentamento da violência
doméstica e familiar contra a mulher, bem como delimita o atendimento às
mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e inverte a lógica da
hierarquia de poder em nossa sociedade.
Existem críticas à lei, como em qualquer fórum democrático,
mas é preciso denunciar sempre as agressões e os maus tratos, “pois a lei tem o
objetivo, também de dotar as mulheres de maior cidadania e conscientização dos
reconhecidos recursos para agir e se posicionar, no âmbito familiar e social,
garantindo sua emancipação e autonomia”, dizem os especialistas. Boa noite e
fiquem com Deus.
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