terça-feira, 6 de agosto de 2013

Superintendente da FCP diz que desafio da pasta é trabalhar com estados



Com blog do José Marcelo Fotos

A superintendente do escritório regional da Fundação Palmares, em Alagoas, Maria José da Silva, há seis meses à frente da instituição, diz que o grande desafio da pasta é trabalhar junto com os estados, "pois muitos quilombos estão desassistidos, sem casa, sem água e sem condições de uma renda mínima para comprar alimentos e remédios, entre outros itens", diz.

Segundo Maria José, muitos quilombos pedem esmolas: "O resgate do trabalho está sendo a prioridade nessa minha primeira gestão. A cultura é importante mas não podemos levá-la a quem está com fome, sem procurar solucionar esse problema; tenho que levar dois balaios:, um de cultura e outro de alimento", observa.

A superintendente destaca  que o Governo Federal tem um olhar especial para os quilombolas, mas os prefeitos têm que fazer a sua parte, como implementar o Programa Brasil Quilombola ( PBQ), que garante casa, escola, terra a essas pessoas.

Maria José conta que no Estado do Rio Grande do Norte, por falta de informações, muitas famílias nem recebem o Bolsa Família, ou outro benefício do governo. "Estou viajando pelos interiores dos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte para regularizar as certificações, com essa documentação, elas terão assegurados os direitos constitucionais de posse de terra e de políticas públicas específicas", explica.

Outro trabalho importante, segundo ela,  é a recuperação das nascentes de água. “Muitos quilombos sofrem com a falta de água potável, a exemplo da comunidade Filus, em Santana do Mundaú. Agora, um projeto simples que tem a participação da própria comunidade coloca canos em pontos das nascentes e a água chega às casas”, pontua.

INVESTIMENTOS

A representante da FCP em Alagoas também destaca que essa melhoria de vida também reflete nos trabalhos desenvolvidos pelos quilombolas, como seus artesanatos. Mesmo assim alguns necessitam de mais investimentos nessa área.

“Muitos vendem seus produtos, mas não têm sua cultura valorizada. O resgate do trabalho está sendo a prioridade nessa minha primeira gestão”, argumenta.

 A Fundação Cultural em União dos Palmares tem atividades extras para estudantes e para a sociedade civil. São exposições, saraus, oficinas de cinema, danças, capoeira, hip hop. E a partir de 20 de agosto uma programação especial para comemorar os cinco anos de Fundação em União.

Sobre o Mês da Consciência Negra, em novembro, ela explica que a preocupação não é trazer grandes bandas ou artistas, mas a de"trabalhar com formações, debates, desfiles, teatro de  rua e envolver a sociedade com a sua cultura. “Temos milhares de palmarinos que não conhecem a Serra da Barriga".

Maria informa que teve uma reunião com secretário de Educação, Eduardo Praxedes, para viabilizar aulas de campo, onde os alunos pudessem conhecer a Serra da Barriga e na volta conhecer outros pontos turísticos da cidade.

Natural do Paraná e morando há alguns anos em Alagoas, sem pretender sair do Estado, Maria José tem uma equipe de cinco pessoas para trabalhar e visitar os 66 municípios em Alagoas com quilombolas. Segundo ela, a equipe é pequena “e temos que nos dividir e usar as tecnologias a nosso favor. Na verdade, a equipe é um gigante", resume. 

Além de Alagoas, ela também coordena os trabalhos da Fundação Cultural Palmares em Pernambuco, João Pessoa, Rio Grande do Norte e Ceará.

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