sábado, 21 de abril de 2012

Poeta popular de Rio Largo precisa de ajuda para publicar cordeis

Fotos de Olívia de Cássia\outubro-2008


Olívia de Cássia - Repórter

O poeta popular alagoano Miguel Nascimento está com novos cordeis prontos, precisando de ajuda financeira para publicá-los. Sem recursos materiais, Miguel, que é natural do município de Rio Largo, é cordelista há mais de vinte anos e conta que começou a fazer esse tipo de literatura popular influenciado pela sua bisavó.


Com formação universitária e liderança em Rio Largo, Miguel Nascimento utiliza a literatura de cordel para expressar sua indignação diante das mazelas do cotidiano. Ele conta que conseguiu publicar seu primeiro trabalho em 2007 e em janeiro de 2008 publicou uma caixa com cinco cordéis, junto com o artista e educador sergipano Anderson Santos, na cidade de Rio Largo.

Em seu novo trabalho, com versos como a ‘A vizinha fofoqueira’, de maneira engraçada e prosaica, o poeta popular descreve como as mulheres do interior propagam as informações da vida alheia e a forma como o fazem, nas portas e esquinas das cidades ou fazendo outra atividade cotidiana.

Em “Muammar Gadhafi” ele fala da saga do ditador líbio Muammar Kadadffi, morto em outubro de 2011. “De família tradicional\ E nascido no deserto\ Na cidade de Sirte\ Ele sempre achava certo\ Suas precoces posições\ Políticas de futuro incerto. O verso tem várias estrofes e termina com: “Eu imagino agora\Como será o encontro\ Com Saddam e Bin Laden\ Espero não ter confronto\ Pois os três elementos\ Causaram muito sofrimento\ Deixando o mundo tonto”.

LIVRETOS

Em janeiro de 2008, Miguel relançou junto com o artista e educador sergipano Anderson Santos “A Peleja entre o Alagoano e o Sergipano”. A caixa contendo cinco livretos de literatura de Cordel tentou resgatar esse tipo de poesia popular, que teve início de forma oral e depois impressa em folhetos rústicos.

Com seu novo trabalho, com os versos além de ”A vizinha fofoqueira, “O motorista Cagão” e “Muammar Gadhafi”, entre outros, o cordelista explica que o objetivo é “trabalhar o resgate da literatura de cordel, porque ela precisa de um despertar nos poetas novos, que estão escondidos e que precisam ser descobertos”.

A falta de incentivo à cultura no Estado também é outra reclamação de Miguel Nascimento, que atualmente está passando por algumas dificuldades financeiras em sua cidade.

“A Vida e o Fim de Saddam” e “Quando Saddam Hussein Chegou ao Céu” são outros trabalhos de Miguel que são históricos: tratam da questão do Oriente Médio de forma cômica. Ele destaca que o segundo livreto –Quando Saddan chegou ao Céu- é uma comédia e foi criado numa deixa do primeiro. “Fala da chegada de Saddan após o enforcamento, quando ele é condenado a mil anos no purgatório”, explica.

Já “A Gata que pariu Cachorro” é baseado num boato que surgiu em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, onde houve um desencontro de informações e uma gata foi encontrada com uma ninhada de cachorros que foi dada como sua cria.

Outro trabalho anterior de Miguel é “Corno e traição na televisão”, que foi baseado numa reportagem do programa Globo Repórter, da Rede Globo de Televisão e que falava dos estados onde havia mais traições entre homens e mulhers. Baseado nisso o poeta popular dissertou seu texto de 24 estrofes sobre o tema.

O primeiro trabalho do artista popular foi impresso em 150 exemplares e os dois últimos 500 unidades. “A “Gata que Pariu Cachorro” foi relançado em Rio Largo, no América Esporte Clube, com a presença do poeta sergipano Anderson Santos, incentivador da poesia de Miguel.

“Nessa oportunidade Anderson também lançou ‘A coisa pior desse mundo’ que fala das filas nos bancos e outras mazelas da sociedade, entre outros assuntos”, conta o poeta alagoano.

XILOGRAVURAS

Os cordeis, como é conhecida esse tipo de literatura, são compostos de livretos que são expostos para venda pendurados em cordas, o que deu origem ao nome, popularmente conhecida porque ainda são vendidas nas pequenas cidades nas feiras livres no interior.

A literatura de cordel é composta por escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola. (Contato: miguel_ne@hotmail.com - 88049596/99990619)

Nenhum comentário:

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...