quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Segunda edição do “Cinema no Balanço das Águas” começa sua expedição pela Ilha do Ferro e Entremontes nesta sexta-feira


O projeto do museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea realiza oficinas de arte-educativa nos dois povoados, em Pão de Açúcar e Piranhas

Jorge Barboza- assessoria de  imprensa

Começa nesta sexta-feira, dia 7, o “Cinema no Balanço das Águas/ Segunda Edição”, projeto dos artistas visuais Dalton Costa e Maria Amélia Vieira contemplado pelo Programa BNB de Cultura/ Parceria BNDES. A ação de arte-educativa – levada a cabo pelo museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea – consiste na realização de diversas oficinas de artes (incluindo vídeo, fotografia e cinema de animação) para a população ribeirinha, especialmente crianças e jovens, dos povoados Ilha do Ferro (em Pão de Açúcar) e Entremontes (Piranhas), no sertão alagoano. 

O barco Santa Maria, ancorado em Pão de Açúcar, é que levará os monitores das oficinas para as localidades-alvos do projeto que iniciou suas atividades em 2008 como “Museu no Balanço das Águas”. Trata-se na verdade da quarta navegação dessa embarcação que, antes de prestar-se à função de museu itinerante, fazia o transporte de passageiros de uma margem a outra do rio São Francisco.

As crianças e adolescentes estão empolgadas.

O que achou das aulas de artes que você fez no ano passado, Vitória? “Eu gostei muito”, responde laconicamente a menina de oito anos do emblemático povoado Ilha do Ferro. As crianças e jovens, reunidos no famoso “Redondo” da casa de Rejânea, bordadeira filha do escultor e marceneiro Fernando Rodrigues (1928-2009), estão ansiosas para começar os novos trabalhos da segunda edição do “Cinema no Balanço das Águas”.

“Eu tirei fotos de latinha”, diz o garoto Gabriel, 12 anos, estudante da 6ª série, referindo-se ao exercício fotográfico a partir do método pin-hole – ou seja, fotografias tiradas com filme numa lata de leite. “Eu pegava o papel e a latinha, botava a tampa da latinha, contava até 60 e fechava o durex. Depois tirava a foto, botava o papel na água pra aparecer o que tinha sido fotografado”, explica o adolescente que estudou, no ano passado, com o fotógrafo Juarez Cavalcanti.

O “Redondo” na casa que hoje pertence a Rejânea e seu marido Valmir Lessa (assim como o sogro, também escultor e marceneiro) era onde se reuniam, para beber e conversar, amigos e discípulos de ‘seu’ Fernando, mestre das artes escultóricas que ficou conhecido pelo Brasil e mundo afora em mostras coletivas de arte popular e design de móveis (como as exposições “Brésil, Arts Populaires”, no Grand Palais de Paris, em 1987; “Uma História do Sentar”, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, 2002, e “Puras Misturas”, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, em São Paulo, 2010). 

Um lugar mítico, assim como aquela outra areazinha de comes e bebes lá atrás chamada “Boca do Vento” – provavelmente o lugar mais fresquinho da Ilha do Ferro, onde, nesta época do ano, os termômetros facilmente ultrapassam os 40 graus...

Da medicina para o cinema

O rapazola Walisson repensa suas vocações: “Eu queria ser médico, mas agora estou pensando em cinema”. Na primeira edição do projeto, ele fez a oficina de vídeo e cinema com o cineasta Pedro Octávio Brandão. “Nós fizemos um filme sobre a Ilha do Ferro. Eu era que fazia as perguntas a Rejânea, ao Aberaldo [Aberaldo Sandes, escultor], ao Eraldo [Eraldo Dias, artesão], que é o avô do Gabriel. Vou fazer novamente a oficina de cinema. Essas aulas estão ajudando a gente a se desenvolver”, diz Walisson com desenvoltura.

A menina Cândida Urânio, de 11 anos, que havia frequentado as aulas de artes, decreta: “Eu vi as fotos que os meninos fizeram – ficaram boas. Este ano, vou fazer fotografia”.

Todos tinham suas fotos emolduradas. Correram às pressas, do Redondo para suas casas, retornando com o resultado de seus estudos, exibindo-os para esta reportagem tendo como fundo o rio da integração nacional, o São Francisco que margeia aquela imensa riqueza cultural nativa da Ilha do Ferro e de Entremontes, passando pelos quintais e as bocas do vento de cada uma daquelas casas. 

Oficinas e vagas

A edição 2012 do “Cinema no Balanço das Águas” preencheu 24 vagas das oficinas de Fotografia (para um público entre 16 e 45 anos); 24 vagas das oficinas de Cinema (idade entre 16 e 29 anos) e mais 30 vagas das oficinas de Animação (de 13 a 20 anos), que é uma novidade este ano. O diretor de curtas Ricardo Elia, do quadro docente da Anima Escola (que é uma ação do Festival Anima Mundi, no Rio de Janeiro), foi convidado para uma oficina especial de stop motion – a técnica que permite a animação de desenhos e esculturas.

Há ainda as oficinas de arte, com técnicas de desenho, pintura e escultura, destinadas às crianças e pré-adolescentes até 15 anos – essas têm uma média de 100 participantes. Além disso, um cineclube para exibir filmes nacionais e estrangeiros manterá em cartaz, durante três meses, filmes nacionais e estrangeiros cedidos pelo Museu da Imagem e do Som.

A equipe de professores é formada por Juarez Cavalcanti (fotografia), Pedro Octávio Brandão (cinema), Rejeny Rocha (artes), Maria Amélia Vieira (artes), além de Ricardo Elia, da oficina de stop motion (a técnica que permite o filme de animação). 

Além destes, outros profissionais participam do projeto, como Dalton Costa, o diretor de cinema Glauber Xavier; o desenhista Jorge Santos; o instrutor de artes Ricardo Lima; o fotógrafo Pablo de Luca; o designer gráfico Daniel Macedo; o diretor do Museu Casa do Velho Chico (PE), Antônio Jackson Borges Lima; o assistente de arte Eduardo Faustino e o assistente de produção Elson Madureira.

O projeto contemplado pelo Banco do Nordeste e BNDES também recebe apoio da Galeria Karandash, das prefeituras de Pão de Açúcar e Piranhas, da Secretaria de Estado da Cultura através do Misa, do Sebrae-AL e do Sesc-AL.

Nenhum comentário:

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...