sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Chorar às vezes faz bem


Olívia de Cássia - jornalista

Dizem que chorar alivia o peito, desafoga a alma sofrida e nos faz colocar para fora todo o sentimento reprimido. Já chorei muito na vida: chorei por amores perdidos, por não ser amada, por me achar inferior aos outros, já chorei de alegria e também sem motivo algum.

Qualquer coisa era motivação para eu me debulhar em lágrimas. Eu não tinha autoestima; desde a infância fui uma criança depressiva e assim fui crescendo, apesar de ter tido boa formação, bons amigos, uma infância razoavelmente salutar e  uma família que me deu estudos e condições de vida.  

Fui uma adolescente cheia de complexos de inferioridade e passei a minha vida em conflitos interiores. Hoje, olhando bem de longe todas essas experiências passadas posso dizer que sou uma pessoa forte, apesar de tudo.

Eu não acreditava que eu pudesse ter essa fortaleza dentro de mim, suportar muitas dores, decepções, por ser uma criatura tão frágil. Ainda hoje sou assim, chorona, estilo típico de uma capricorniana, mas com o tempo a gente vai se fortalecendo, criando uma proteção dentro da gente, defesas interiores, que nos fazem mais fortes.

Eu nunca fui uma fortaleza de segurança e sabedoria e o choro vai além da nossa emoção, como dizem por aí: é o resultado do que nós sentimos, a expressão de um sentimento. Prega a psicologia moderna que muitas pessoas desenvolvem um mecanismo de defesa onde o choro é o grande recurso.

Avalio que isso acontece quando a gente se sente impotente para revidar a ofensa recebida como a gente gostaria. Eu já engoli muita raiva, muita tristeza na vida, muitas decepções, mas hoje posso dizer que estou em fase de recuperação e superação.

“Há gente que chora demais ou que se deixa paralisar pelo choro. Como resposta a qualquer adversidade, recorrem às lágrimas e não param mais”. Eu era assim muito mais que hoje. Segundo Aziz, essa reação é muito semelhante àquela das pessoas que riem demais ou que brincam demais, mesmo nas situações mais impróprias.

A psicóloga Cláudia Morais, em seu blog diz que em Psicologia o choro é, sobretudo, a oportunidade para exteriorizar, sem constrangimentos, emoções tão vastas como a tristeza, a solidão, o desespero ou o desamparo. Mas o choro, segundo ela avalia, também pode ser terapêutico.

“A maior parte das pessoas já experimentou uma sensação de alívio depois de uma "crise" de choro - como se o episódio nos ajudasse a ver as coisas de uma perspectiva diferente. Mas isto nem sempre acontece, pelo que é legítimo questionar-se se existem choros “bons” e choros “maus””, explica Cláudia Morais.

Ainda me sensibilizo e choro ouvindo uma música, lendo um belo texto, uma boa poesia, com cenas do cotidiano que me tocam ou com o carinho que tenho dos meus amigos. Mas sem o chorar de antes e com muito sorriso no rosto, eu desejo que todos tenham um ótimo fim de semana. Boa noite!

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