sábado, 8 de dezembro de 2012

Minhas lutas infindas

Olívia de Cássia - jornalista


Desde muito cedo encontrei a rebeldia, muitas vezes era uma rebeldia sem causa, mas era normal na idade que eu tinha, mesmo que não fosse da compreensão dos meus entes queridos. Era a vontade do enfrentamento do sistema, do que estava estabelecido, que para mim tinha que ser contestado.

Tudo começou na adolescência, no querer ser diferente; eu queria um mundo novo, melhor. Quis isso a vida inteira; lutei por esse ideal. Eu desejava um mundo onde os meus  sonhos fossem realizados, onde o amor fosse mais importante que a ganância pelo dinheiro,  onde as diferenças de classe  e  a cor da pele não fossem empecilho para a felicidade.  

Muitos dos meus sonhos e quereres foram causas utópicas, idealistas, coisas que aprendi desde muito cedo, por meio das minhas leituras. Sonhos de uma menina que passou a vida inteira querendo ser amada, querendo encontrar a felicidade.

As desigualdades na sociedade existem desde que o mundo é mundo, como diria minha mãe, mas há uma desigualdade que a gente não se conforma. É muita miséria, muita falta de compromisso social, muita roubalheira, que prejudicam a construção de uma sociedade equilibrada.

Eu sempre quis ser independente, morar sozinha, ser dona do meu nariz e não ter a interferência de ninguém para dar palpites nas minhas vontades. Isso causava estranhamento na União dos Palmares  do começo da década de 70 e também em meus pais.

Vim morar na capital aos 16 anos. Era o começo da libertação, da independência, eu achava. Esse meu temperamento me custou muito: muitos desentendimentos com a minha saudosa mãe, que não entendia a cabecinha daquela menina sonhadora e questionadora e o preconceito das mães de algumas amigas.

Mas tudo o que a gente quer e faz tem consequências na vida, hoje eu sei. Muitos dos conflitos que afligem a gente decorrem dos nossos padrões de comportamento daquilo que adotamos na nossa jornada aqui na terra.

 Às vezes a gente não entende o motivo de tais ações em nossa vida, o porquê de acontecer certas histórias, mas parte do que acontece é por nossa própria responsabilidade, temos que assumir isso. Não sei como a psicologia classificaria esse meu temperamento.

Não me arrependo das coisas que tenha feito, entendo agora que a gente tem que assumir as responsabilidades por nossos atos, fracassos e ganhos. Percorri muitos caminhos, sonhei com uma sociedade mais justa e mais fraterna, sem tantas desigualdades e avalio que esse meu lado sonhador tem muito a ver com o que vivo hoje.

Ás vezes eu quero reclamar da falta de uma vida mais confortável, sem tanta preocupação financeira e pela falta de estabilidade na vida, mas cada um tem aquilo que lhe cabe. Não é conformismo de minha parte.

Hoje eu aprendi a ter mais disciplina e mais entendimento das situações e se não fosse assim eu não teria passado por tanta dor e por tanto desatino e não estaria focada hoje. Não gosto dos palpites de quem não sabe o que passo e mesmo assim se acha no direito de se meter onde não é chamado.

Algumas pessoas já deveriam ter entendido isso, que da mesma forma que não me meto na vida de ninguém, não gosto que se metam na minha. Gosto de conversar com amigos e se peço alguma opinião, aí sim, dou a oportunidade de um parecer sobre determinada situação. Boa noite, bom domingo para todos e fiquem com Deus.

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