segunda-feira, 23 de maio de 2011

A vida é uma 'roda-viva'

Olívia de Cássia – jornalista

A vida é uma ‘roda-viva’; há dias de sol e esperança e também momentos de tempestades e desenganos. Há quem acredite em destino; minha mãe acreditava e me ensinava assim: se a gente nasce com uma sina, dizia ela, não há como fugir, é destino.

Alguns estudiosos acreditam que a gente pode mudar isso, pegar as rédeas desse destino e conduzir a nossa vida onde desejamos chegar. É uma possibilidade.

Quando a gente tem segurança do que quer para a nossa vida, eu acredito que isso possa acontecer e o destino passa a ser um acaso da vida que nos pega desprevenidos. Vale a pena tentar.

Filosofias à parte, o certo mesmo é que quando estamos com a cabeça livre de preocupações e ansiedades, tudo flui com mais clareza e determinação.

Tenho pensado muito nas pessoas da minha terra, naqueles que ficaram desabrigados, vítimas das enchentes do ano passado e de outros anos, aqueles lá do antigo presídio desativado, que sobrevivem de migalhas alheias, levando uma existência sem dignidade, sem conforto e sem cidadania.

E me ponho a questionar se isso é destino. Por que há tanta desigualdade, tanto desencontros e tantas injustiças? Não somos todos nós filhos de Deus? Por que a uns é dado tudo: cidadania, conforto e bem-estar e a outras pessoas o que tem de pior? Será isso fruto de nossas escolhas?

Lembro da minha inesquecível Rua da Ponte. Quando eu era criança, lá também existiam desigualdades, mas para nossos sonhos infantis isso não contava muito. Da benzedeira, à lavadeira ou ao comerciante, todo mundo se conhecia e se respeitava. Na hora dos banhos do Mundaú todo mundo era igual.

Eu tenho saudade disso tudo, saudade da mocidade, saudade de mim. É verdade que desde a infância eu já não era uma criança sadia. Já naquela época muitas enfermidades me acometeram.

Teve uma época que meus pais pensavam que eu não resistiria àquela febre tifóide, mas graças aos ensinamentos de seu Zé Flor, amigo dos meus pais e avô do poeta Laelcio Oliveira, eu resisti até agora, não sei até quando, mas estou lutando por dias melhores.

Dias há em que me sinto totalmente fraca e perdida num vazio enorme, como se fosse um abismo que não tem fim. Nessas horas eu peço sabedoria a Deus e que ilumine os meus caminhos.

Apesar de tudo eu sou uma pessoa privilegiada, meus amigos são meus anjos, que estão sempre de prontidão pedindo por mim, isso me fortalece. Tenho fé, apesar de não parecer. Ainda acredito na vida, apesar de mim, apesar de tudo.

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