quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nada mais...

Olívia de Cássia – jornalista

Nada mais eu sou do que pareço ser. Às vezes sou rosa, às vezes espinhos, um mar de contradições, palavras gastas. Penso na vida, na morte, tão perto de mim. Todos nós somos um engano, um grande engano. Sou um estranho ser para o mundo, ora aparento clareza, às vezes sou um ser estranho e desconhecido.

Não tenho a verdade absoluta; cada um tem a sua. A gente deduz que a nossa realidade é a verdade clara e absoluta. Um dia a gente percebe que tudo aquilo que pensava ser, não o era. O mundo é uma ilusão, as dúvidas são infinitas e muitas são as minhas inquietações.

Somos um labirinto de contradições, um urdimento. E nesse intricado caminho confuso de linhas tortas, às vezes acertamos o passo, às vezes nos perdemos nesse enredo, onde tínhamos a certeza que éramos os atores principais, os protagonistas da história. Não era verdade a nossa convicção de mundo ideal; não existe mundo ideal.

São muitas as incertezas e a insegurança de agora; às vezes dá medo. O mundo de hoje não é como um dia sonhei que pudesse acontecer. Pensei que teria a possibilidade, aquela chance de ser a escolhida para aquela oportunidade derradeira.

Triste é constatar o engano; quando isso acontece o mundo desaba feito uma avalanche, impiedoso, cruel e arrebatador. Talvez viver nesse mundo de sonhos, alheio a tudo fosse melhor, quando a gente pensa que a vida é um paraíso e que tudo conspira em nosso favor.

Foram muitas as chances que eu tive na vida, mas eu as desperdicei; desperdicei e não dei importância por medo. O medo que eu tive de não arriscar, de não corresponder às expectativas, de me decepcionar, de não ser perfeita. Ninguém é perfeito, mas eu terminei me decepcionando mais ainda.

O medo nos acorrenta e congela. A gente não deve ter receio de tentar, você nunca sabe se vai valer ou não a pena se não tentar. É melhor arriscar. O medo é uma impossibilidade em nossas vidas, ele nos paralisa e nos torna impotente. Quando a gente é jovem e saudável tem chances e oportunidades maiores, quando se chega à meia idade, o seu tempo já passou...

Mas preciso ainda ser otimista e acreditar: é o que me resta para viver os dias que se seguem. O mundo muda a cada instante, lá fora a vida continua latente. A natureza reclama dos maus-tratos e da falta de cuidados, o tempo anuncia que vai chover. Preciso me acalmar e ver a vida com mais cores, mas é inverno em meu coração, eu preciso de paz.

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