Olívia de Cássia – jornalista
Tento reencontrar a serenidade perdida, meu corpo me dá sinais inconfundíveis. Nessas horas, qualquer situação, música ou lembrança me deixa sensível. E tenho que chorar para que esse sentimento pesado e sufocante se disperse, preciso me acalmar.
Nesse instante, em pensamentos, eu peço a Deus para me dar uma luz e nesse monólogo aflito eu confesso tudo aquilo que está me atormentando ou inquietando a minha alma.
Sinto-me frágil nessas horas, quando não tenho com quem compartilhar meus sentimentos de mulher e ‘menina’. É assim que me percebo nessas horas de desventuras. Uma mulher um pouco madura, um tanto quanto menina no pensar e no olhar.
Olho-me no espelho e me vejo cheia de traços incertos, rugas e marcas, muitas marcas; resultado de tudo o que já foi vivido e já se foi. Tento lembrar, pontuar e discernir como cheguei até aqui.
Lembro de fatos passados, bem longe e de situações recentes, uma avalanche de acontecimentos. Chego à conclusão de que a minha vida será mesmo de lembranças e ainda bem que as tenho para lembrar e contar.
No próximo domingo, 8 de maio, é o Dia das Mães. Para mim será mais um de tantas lembranças. Há dez anos perdi a minha mãe: uma mulher guerreira, forte, de personalidade marcante, completamente diferente de mim.
Minha mãe tinha atitude, comandava tudo, a seu modo, do seu jeito um pouco rude e realista de ser. Não herdei esse traço de dona Antônia, mas devo a ela e a seu João Jonas tudo o que sou e o que tenho hoje.
Foi por causa da luta deles que tivemos estudo e formação. Minha mãe se portava como uma leoa para proteger os filhos e ai daquele que se atrevesse a impedi-la de alguma coisa. Queria comandar o destino dos filhos a seu modo.
E me ponho a pensar nela, a querer ter a sua força, o seu caráter firme, seguro, às vezes impetuoso. Se eu tivesse tido a sorte de ter herdado de mamãe esse lado, eu não teria sofrido tanto na vida, Mas a gente é o que é. A cabeça me dói, sem piedade.
Felizmente o fim de semana chuvoso acaba, tive receio por causa de tanto aguaceiro. Não consegui dormir cedo. Há infiltrações nos quatro cantos da casa, estou de pés e mãos atadas, não sei o que fazer com tanta providência a ser tomada.
Se fosse a minha mãe já tinha resolvido tudo. A semana que se inicia será um novo desafio. Boa semana para todos!
segunda-feira, 2 de maio de 2011
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