Olívia de Cássia – jornalista
Vivemos hoje no Brasil, apesar de alguns avanços e exemplos
positivos, uma crise de identidade na educação, que começa no ensino
fundamental.
Um abismo cultural e de aprofundamento das questões básicas do
ensino, que é preciso ser repensado pelos gestores e pedagogos. Investe-se
muito hoje em dia em tecnologias de ponta, mas a essência do saber, em alguns casos,
está um pouco perdida.
São professores mal remunerados, reféns da violência que
cresce a cada dia no país, e alguns até pouco preparados para exercerem o magistério.
É um exercício hercúleo em algumas comunidades, um professor conseguir exercer
a sua profissão com cidadania, sem se sentir coagido e amedrontado.
Defender bandeiras de educação de qualidade é muito fácil em
época de campanhas eleitorais, mas na prática da vida isso é pouco aplicado na
maioria das situações. As escolas públicas de hoje não são mais como as de
antigamente, que formavam bons profissionais e as professoras eram abnegadas
senhoras que se desdobravam para dar o melhor de si para seus alunos.
Em décadas passadas, o magistério era essencialmente uma
profissão feminina; o ensino fundamental naquela época só tinha em seus quadros
mulheres e elas não eram apenas nossas professoras, mas aconselhadoras, se
portavam como se fossem nossas mães e era assim que eram tratadas.
Para nós que
tivemos uma educação básica de qualidade, no final da década de 60 e começo dos
anos 70 do século XX, o professor era tratado com respeito e até veneração. Era
uma relação de profundo amor e respeito de mão dupla.
Nos dias de hoje os alunos não respeitam mais seus mestres e
professores e a educação pública é de péssia qualidade: professores com pouca
qualificação, ganhando salários ínfimos e alunos que não se interessam muito
pelo conhecimento. Nos primeiros anos da escola, os alunos - a maioria das
classes menos favorecidas -, vão apenas em busca da merenda, porque é a única
refeição de qualidade que vão ter durante o dia.
Por outro lado, os pais os mantêm na escola apenas para
receber os benefícios oferecidos pelo Programa Bolsa Família do governo federal;
isso já foi provado em pesquisas. Já está mais do que provado que a educação
integral seria a solução para a educação fundamental nas escolas públicas e
essa é uma bandeira defendida por alguns segmentos dos movimentos sociais.
“As recentes políticas públicas que buscam garantir a
permanência das crianças nas escolas pelo menos até o final do período da
obrigatoriedade revelam a percepção, por parte da sociedade, de que existe a necessidade
de construção de uma nova identidade para a escola fundamental, sendo a
primeira e indispensável condição para tal a integração efetiva de todas as
crianças à vida escolar”, observa Ana Maria Villela Cavaliere, doutora em
Educação e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
Por esses motivos citados acima, é preciso ter um olhar
especial para a educação fundamental no País e no Estado, pois ela é a base de
tudo. Se o aluno não tem preparação nessa fase, vai chegar no ensino médio com grandes
deficiências no aprendizado e serão péssimos universitários: consequentemente,
profissionais que deixarão muito a desejar no futuro.
A gente percebe isso com o que é escrito nas redes sociais e
também com as asneiras que são colocadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),
onde a língua portuguesa é assassinada cotidianamente e não existe aprendizado
nas respostas que são dadas pelos alunos. Uma boa tarde e fiquem com Deus.
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