quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O despertar da consciência

Olívia de Cássia - jornalista

Dizem que o despertar da consciência só se dá diante de uma grande crise: seja ela pessoal, mundial ou qualquer outra. Geralmente a gente só se dá conta de que algo está errado na nossa rotina de vida ou em sociedade, quando nos vemos diante do caos: isso é fato.

Passamos a vida muitas vezes aparentando concordar com algumas situações pessoais e ou profissionais, mesmo que a gente não aceite a essência delas, apenas para não nos fazer indelicados, para não parecermos arrogantes ou para nos manter  inteiros no ambiente em que vivemos.  

Tempos depois  nos assustamos, nos decepcionamos, mesmo sendo aquela uma reafirmação do que já havíamos percebido. E muitas vezes, por esse motivo, a gente não consegue se segurar e se não tiver uma firmeza de caráter e um apoio, por mínimo que seja,  para nos sustentar,  desabamos de vez. 

Falar sobre cidadania pode parecer uma atitude demagógica nos dias atuais, mas aprendi com minha vida calejada de aprendizado e com a maturidade que os anos me trouxeram, que onde há o exercício da cidadania, a violência não impera e o ser humano é sempre mais comedido e civilizado.

A sociedade moderna passa por uma grande crise: política, de costumes, moral e ideológica, se é que assim podemos chamar. O que ontem era visto como politicamente incorreto, hoje é visto nos meios de comunicação, que ostentam a degradação dos valores familiares, o sexo explícito, a ausência de gentilezas e a desmoralização dos poderes constituídos, como  a moda a ser seguida.

Muitas vezes, quem poderia dar o bom exemplo é quem mais transgride na sociedade. Não falo daquela transgressão salutar que nos faz indivíduos melhores depois. Falo da transgressão por meio da corrupção deslavada que a gente percebe todo dia estampada nos jornais ou das pequenas corrupções praticadas por algumas pessoas que só veem defeito nos outros.

 “Vivemos há cem anos a ilusão de que com o crescimento econômico e a melhoria educacional tudo vai melhorar. O País está mais rico e, ao que tudo indica, mais corrupto". A afirmação é do sociólogo e pesquisador Bolívar Lamounier, autor de livros e trabalhos acadêmicos onde conceitua que a corrupção nas entranhas do Estado brasileiro está profundamente enraizada.

O autor analisa em seu livro Cultura das transgressões no Brasil (Editora Saraiva) que o problema da corrupção é tentacular e que a impunidade é ampla. “No Brasil, a transgressão é generalizada, acontece pela incapacidade de aplicação da lei e basicamente por motivação econômica”, argumenta.

Alguns setores da sociedade tentam justificar os erros cometidos por algumas figuras públicas do mundo político, que antes eram vistas como exemplos a serem seguidos.  Aqui e alhures as punições são mínimas para os crimes chamados de colarinho branco, apesar de um despertar de consciência e da criação de instituições que estão fiscalizando mais atentamente os atos de gestores e governantes.

Mesmo assim, segundo o autor, esse tipo de transgressão tem no País um porto seguro. Segundo  o sociólogo Edwin Sutherland ,que fez estudos e pesquisas nos Estados Unidos, “é do delito tipificado por pessoas de elevado status socioeconômicos, de onde vem a força da corrupção,  fundamentada na lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e fraudes diferenciadas”.  Para que possamos refletir. Boa tarde!

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