quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Dez anos depois...

Olívia de Cássia - Jornalista

Dez anos depois eu acordo com uma sensação estranha, nessa manhã: tive um sonho nunca sonhado antes, como se aquela cena viva tivesse acontecido ontem, como se ela fosse parte da minha rotina de agora.

Achei estranho aquele ‘filme’ acontecer daquela forma.  Era como se no fundo da minha mente aquelas imagens tivessem sido arquivadas e estivessem adormecidas e agora revividas em alguma parte.

Dirigi-me ao trabalho e durante todo o percurso eu fui pensando naquele sonho irreal, impossível de acontecer de novo. Cheguei à conclusão de que hoje eu sou mais forte, mais segura, diferente daquele tempo em que eu era tão frágil, tão estranhamente dependente física e emocionalmente.

Setembro é um lindo mês. É quando a esperança bate nos corações dos apaixonados, é tempo de boas novas, de flores e de poesia: é mês da primavera. Mas foi em setembro, também, poucos dias depois da primavera chegar, há dez anos, que eu tive uma dura revelação e  muitos ensinamentos que me transformaram a vida.  

A gente percebe que o tempo voou e que tudo passou muito rápido: algumas situações aconteceram porque tinham que ser; hoje eu sei. No começo era difícil entender, me acostumar com aquele sentimento de abandono, aquele rompimento brusco, mas que o tempo já vinha mostrando que ia acontecer.

Não havia mais compreensão, carinho, entendimento e lealdade: não havia respeito, de um lado, consideração e a harmonia naquela convivência. Tudo tinha ido para o espaço fazia tempo. Eu errei mais uma vez nas minhas escolhas, errei durante minha vida toda.

É difícil a gente admitir o erro, mas é preciso entender que tudo não passou de um grande engano naquele relacionamento. Eu pensei que fosse amor aquele sentimento, iludida que eu era com todo aquele envolvimento. E como eu erro nas minhas escolhas, isso é fato.

Sou atrapalhada ao extremo: ou me dou demais e cometo as mesmas tolices na minha doação, sempre, ou meto os pés pelas mãos como se diz no popular. Cada vez que há uma aproximação, há um desastre à vista: eu já desisti disso.

Dez anos depois eu acordo, não sei se aliviada, não sei se mais segura, mas sei que estou mais madura, experiente, feliz em estar sozinha e ciente de algumas lições da vida. Não posso dizer que não errarei de novo, mas os mesmos enganos eu não cometerei novamente. Cometer enganos na vida todo mundo comete: eles podem até vir novamente, mas de formas diferenciadas, pelo menos é o que espero.

Como é que a gente pode se enganar tanto, durante tanto tempo, com o caráter de uma pessoa que a gente aprende a gostar pela convivência e pela insistência e depois percebe que tudo não passou de um jogo orquestrado e sujo, de uma tramoia para enganar e iludir quem já vinha de uma situação de desilusão, de um coração magoado e aflito...

Já está definido que eu não quero mais isso para mim: a idade já me basta, a experiência adquirida também. Eu convivo muito bem com a minha solteirice e a minha solidão: somos companheiras de uma vida que não admite mais tantos erros, tantos enganos e desilusões.

Ser sozinha, mas não solitária e aflita é uma vantagem diante de tantos atropelos que a vida oferece e na companhia dos meus filhotes e no desempenho do meu trabalho eu me realizo. Sou feliz assim. Anoitece lá fora e aqui dentro da redação há muita informação a ser digerida e apurada ainda. Boa noite e fiquem com Deus.

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