sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O que pensar do ser humano?

Olívia de Cássia – jornalista

A gente fica pensando o que leva uma pessoa a determinar o assassinato de outro e não encontra explicação. Eu não sou tão ingênua ao ponto de os meus 53 anos calejados de vida e de leitura não saberem que existe no mundo todo tipo de gente e que têm pessoas capazes de cometer as maiores atrocidades contra o outro, “em nome da família, moral e dos bons costumes”, ainda.

Para mim esse tipo de pessoa não pode ser chamada de ser humano e sim de aberração da natureza. Falo aqui de casos como o da jovem Roberta Costa Dias, de apenas 18 anos, que me deixou chocada e ainda perplexa. Ela desapareceu em 11 de abril de 2012 e desde então a família percorreu vários caminhos até que hoje chegou a um desfecho, segundo as investigações da Polícia Civil.

Em Alagoas e no País não se tem o número exato de pessoas desaparecidas, porque muitas não são comunicadas, oficialmente, ainda por medo, talvez e a falta de informação. Segundo o que foi publicado, Roberta Dias estava grávida e tinha ido fazer um exame pré-natal e não retornou mais para sua casa, situada em Penedo. Ela teria sido ‘orientada’ pela mãe do seu namorado a abortar o bebê que estava esperando e como se recusou foi ameaçada pela futura avó do bebê. A mulher estaria foragida e  pagou, segundo informação da polícia,  R$ 30 mil pelo crime.

O delegado Cícero Lima, coordenador da Delegacia de Homicídios, esclareceu o caso para a imprensa. “A gravidez da Roberta Dias não foi bem aceita pela família do namorado. A vítima foi pressionada a realizar um abordo, porém, com a recusa, Roberta acabou pagando com a própria vida”, afirmou o delegado em coletiva.

Ainda segundo as declarações de Lima, o crime teve a participação de um policial, que forçou a vítima a entrar no carro e fez diversas ameaças a ela. “Posteriormente, deram fim à vida de Roberta Dias. O caso está esclarecido e com o benefício da delação premiada pode ser que digam onde o corpo foi ocultado”, disse ele.

A gente fica estarrecida com essa notícia, mas, infelizmente, casos como o de Roberta  são mais comuns do que a gente imagina no Brasil e em nosso Estado, principalmente no interior, onde a mentalidade coronelista e atrasada ainda impera e a violência contra as mulheres é acentuada.  A violência não é um fenômeno social recente; no entanto, é possível afirmar que suas manifestações se multiplicam, assim como os atores nelas envolvidos, segundo os estudiosos.

A Constituição Federal, em seu Artigo 5º, afirma que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", e que "homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações". No entanto, apesar dos avanços registrados na conquista dos direitos das mulheres como direitos humanos, ainda há muito que se fazer para evitar que elas deixem de ser discriminadas e submetidas a todo tipo de violação dos seus direitos e garantias fundamentais, isso quando não chega a casos como o de Roberta Dias, que teve a  vida tirada tão prematuramente, além da vida do filho que estava esperando.

“A Declaração Universal dos Direitos Humanos reafirma o princípio da não discriminação e afirma que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos; os pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos/Econômicos e Sociais exigem também que os estados garantam ao homem e à mulher a igualdade no usufruto dos direitos econômicos sociais, culturais, civis e políticos”. O cotidiano mostra, porém, uma realidade muito diferente.

A prevenção e o combate à violência devem ser bandeiras defendidas cotidianamente por todos os cidadãos de bem. Uma sociedade para ser evoluída e desenvolvida tem que ter educação em todas as suas formas e as mulheres e homens possam conviver em harmonia, buscando dias melhores e mais justos. É preciso dar um basta a tudo isso. Com minha indignação e revolta desejo a todos uma boa tarde!

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