Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira, 25, revelam que a cada hora e meia, uma mulher morre vítima de
violência no Brasil: a cada dia, são 15. A cada mês, 472. Segundo o Instituto,
a Lei Maria da Penha ajudou a reduzir esses índices em 2007, logo após entrar
em vigor, mas nos anos seguintes os números voltaram a subir e chegaram a
patamares anteriores à lei, que endureceu as punições contra agressores.
De acordo com a pesquisa, em 2009, a
taxa de mortalidade por 100 mil mulheres foi 5,38, a mesma de 2003. Os dados
estão na pesquisa Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil. O Estado
de Alagoas ficou em terceiro lugar na estatística.
No Brasil, entre 2001 e 2011, estima-se que ocorreram mais
de 50 mil feminicídios, o que equivale a cerca de 5.000 mortes de mulheres por
ano. “Essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos
completamente evitáveis”, diz o estudo, que é assinado por Leila Posenato
Garcia, Lúcia Rolim Santana de Freitas, Gabriela Drummond Marques da Silva e
Doroteia Aparecida Höfelmann.
O estudo do Ipea recomenda o reforço das ações previstas na
Lei Maria da Penha, assim como a adoção de outras medidas para o enfrentamento
da violência contra a mulher, a efetiva proteção das vítimas e a redução das
desigualdades entre homens e mulheres no Brasil. Defende ainda a alteração do
Código Penal para inserir para inserir o feminicídio como circunstância
qualificadora do crime de homicídio.
CNJ
Levantamento recente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
junto aos juizados e varas especializadas nos processos de violência doméstica
aponta um crescimento de 106,7% no número de procedimentos instaurados com base
na Lei Maria da Penha no período de julho de 2010 a dezembro de 2011.
Estes procedimentos são abertos depois das
denúncias das mulheres agredidas. Desde a sanção da Lei Maria da Penha (11.340)
em 2006 até dezembro passado, foram instaurados quase 686 mil procedimentos de
agressão nos estados. O número engloba desde abertura de inquéritos até
instauração de ações penais e medidas de proteção à mulher.
ALAGOAS EM TERCEIRO
LUGAR
O Estado de Alagoas aparece na pesquisa do Ipea em terceiro
lugar. Dados da Comissão dos Direitos Humanos de Alagoas, da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB\AL), do relatório anual de acompanhamento dessa
realidade, divulgados no mês de março passado, indicam que em 2012 aconteceram
164 mortes de mulheres, três a mais que em 2011. A OAB adianta que em janeiro e
fevereiro, 20 mulheres foram
assassinadas no Estado.
Segundo o presidente da CDH da OAB\AL, Daniel Nunes Pereira,
em entrevista à época, o relatório da
Violência Praticada Contra Mulheres mostra a urgente necessidade de uma mudança
radical no modelo vigente de combate a esses crimes. “Há um esforço, mas as
ações não estão sendo eficientes”, disse ele, citando a Lei Maria da Penha e a
criação de um juizado especial de Defesa da Mulher como instrumentos
importantes que, entretanto, não estão surtindo o efeito desejado.
Segundo ele, o Estado não tem estrutura para apoiar a mulher
que denuncia a violência sofrida. Ao divulgar o relatório, o advogado relembrou
os números dos últimos três anos no Estado: foram 119 mortes em 2010; 161 em
2011, e 164 em 2012. Com os 20 homicídios acontecidos nos dois primeiros meses deste
ano, chega a 464 o total de mulheres assassinadas em Alagoas nesse período.
Segundo o relatório, a maior parte das mortes de alagoanas
em 2012 ocorreu no interior, com 105 registros. Maceió (1º), onde foram
registrados 55 homicídios, Rio Largo (2º), Arapiraca (3º) e Santana do Ipanema
(4º) são apontados como os municípios mais violentos no que se refere à
violência contra mulheres.
Quanto à faixa etária, as mais atingidas são as mulheres com
idade entre 35 a 65 anos (41 mortes), vindo em seguida aquelas que têm entre 18
e 24 anos (38 homicídios).
Os números de 2012 mostraram que o maior número de mortes
(20) ocorreu em maio, tradicionalmente identificado como mês das mães e das
noivas. O relatório revela que 110 mulheres foram mortas com armas de fogo,
seguidas de mortes por faca, facão e enxada (21) e espancamento (12).
PERIFERIA
A análise dos números da violência contra a mulher em Maceió
aponta os bairros Benedito Bentes e Jacintinho, com oito mortes, como os mais
violentos. Em seguida o relatório inclui os bairros Cidade Universitária (7) e
Tabuleiro (4) entre os quatro mais violentos da capital.
Em 2011, o maior número de ocorrências (22) foi registrado
em junho. Dos registros contabilizados naquele ano pela Comissão de Direitos
Humanos, 101 mulheres foram mortas com arma de fogo; com faca, facão, enxada
(28) e pauladas, pedradas, socos e pontapés (13).
O levantamento teve
como base dados fornecidos à OAB/AL pela Polícia Civil e pelo Centro Integrado
de Operações da Defesa Social (Ciods) da Polícia Militar, bem como as notícias
de assassinatos divulgadas em sites, jornais impressos e programas
jornalísticos das TVs locais.
O estudo mostra que é preciso investir em políticas
públicas, de assistência social, que possam apresentar outras realidades nos
próximos anos. Aqui no blog eu já afirmei em outras oportunidades que muitas
vezes as mulheres se sentem intimidas nas delegacias, onde não encontram
respeito, onde não são tratadas com a dignidade necessária ao enfrentamento de
seus problemas. Por esse motivo o governo precisa investir mais em delegacias
especializadas e preparar os profissionais da área para atenderem essas
demandas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário