Foto de Nathalya Cerqueira
Olívia de Cássia – jornalista
Nosso grito de guerra na época da adolescência em União dos Palmares era de protesto contra os costumes, contra o que estava estabelecido, contra o sistema de uma forma geral. Tudo nos era proibido naquela época de dificuldade; defendíamos a liberdade pregada pelos hippies, os libertários.
Cultuávamos os mesmos ídolos contestadores, pelo menos a maioria dos jovens ‘revolucionários’. Éramos os rebeldes dos costumes, queríamos algo mais, a nossa liberdade acima de tudo. Enfrentamos tantos falatórios, tantos preconceitos contra a nossa então rebeldia na terra da liberdade.
Questionávamos o que era nos imposto, goela abaixo e mesmo sem ter noção àquela época do que era ser um revolucionário, éramos todos anarquistas, graças a Deus. Queríamos uma sociedade liberta, sem amarras e sem mandantes. Um sonho romântico e impossível.
Mais tarde fomos ler e conhecer um pouco a teoria marxista. Fundamentada nas análises desenvolvidas sobre um momento privilegiado na França, um período longo e com intensas lutas sociais, que estão retratadas na “trilogia francesa”.
Nessa época a turma começou a ter conhecimento de livros como Os socialistas utópicos, Os libertários, “As lutas de classe em França (1848-1850)”, “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” e “Guerra civil em França”. Começamos a entender e quando me filiei ao PCdoB comecei a ler a compreensão da política em Marx, que até então eu desconhecia.
Mas antes de começar a assimilar as teorias, em União dos Palmares, já cultuávamos as ideias de liberdade acima de tudo, só que a liberdade que defendíamos era aquela do tudo poder fazer, sem a intervenção dos nossos pais. Mesmo que o que pensávamos e queríamos era apenas o direito de nos expressar, de desejar uma sociedade mais justa, mais fraterna e igualitária.
Passados todos esses anos, a gente percebe que todas aquelas teorias que aprendemos a respeitar e cultuar foram para a lata do lixo. Ninguém mais tem ideais, nem sonho de transformação. A juventude está voltada cada um para o seu próprio umbigo, parece que foram engolidos pela sede pelo poder, pelo status e pela ganância. Tempo de refletir.
sábado, 8 de setembro de 2012
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