Olívia de Cássia - jornalista
Sou a pessoa mais indevida para saber falar de amor. Não tive muita sorte com esse sentimento profundo. Minha mãe dizia que o amor era uma farsa. Realista que era ela por ter passado tanta desilusão e decepção amorosa.
Tentava dona Antônia tirar a todo custo esse sentimento do meu coração. Quando me descobriu apaixonada, ela ficou revoltada, fez de tudo para que eu esquecesse aquele sentimento exagerado meu. Não queria ver a filha passar pelos mesmos constrangimentos que ela.
Por conta disso, minha mãe tomou atitudes drásticas comigo: meteu os pés pelas mãos e agiu do jeito dela para me livrar das garras de quem ela achava não me merecia.
Todo menino que se aproximava de mim, ela tratava logo de avisar aos pais e pedir que seus filhos se retirassem da minha vida.
Até com alguns amigos ela fez isso e várias vezes. Eu sofria com aquele comportamento e temperamento agressivo dela. Foi assim durante a pré-adolescência até a minha fase já adulta. Vivíamos às turras.
Ela queria me proteger, mas agiu de uma forma tão brusca que entornou o caldo e piorou mais ainda a situação. Parece que quando mais lutava para eu não me apaixonar, mas carente eu ficava.
Vivi sonhando com amores impossíveis, embalada pelos livros e romances que eu lia, pelas novelas que assistia e por todos os sonhos quiméricos que alimentei na juventude. Todo garoto que eu me enamorava era alguém que não se importava comigo.
Fui perdendo minha autoestima, que já não era muita coisa e fui entrando na fase adulta com esse pensamento negativo, até que um dia aconteceu: de uma forma maluca, mas aconteceu.
Tive relacionamento sério que durou quase 20 anos, mesmo com as interferências da minha saudosa mãezinha e que depois acabou pelos mesmos motivos, acrescidos de traições, deslealdades e desamores.
Amar e ser correspondida não são tarefas fáceis e principalmente agora, nos dias de hoje. Já não se cultua os sentimentos puros, as coisas estão muito materializadas, vulgarizadas e sexualizadas. Não digo que o sexo seja uma coisa ruim e impura, mas para tudo tem um tempo determinado.
Depois de tanta desilusão e desamor chego à conclusão de que é melhor estar sozinha mesmo, tentando ser feliz de uma forma diferenciada, de conformidade com o que a gente tem.
Tenho amigas e amigos maravilhosos, uma profissão que amo e uma cabeça pensante e um monte de ideias fervilhando em minha cabeça. Quanto ao amor, ah, o amor. E por falar em amor....
terça-feira, 11 de setembro de 2012
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