Olívia de Cássia - jornalista
Hoje, enquanto estava dentro da máquina fazendo o exame de
ressonância magnética do crânio, passou um filme na minha cabeça. Comecei a
rezar todas as orações que lembrava: Pai Nosso; Santa Maria; Ave Maria; lembrei
do meu irmão Petrônio; do meu pai, da minha mãe e de todas as nossas histórias
de vida.
É a segunda vez em três anos que faço esse exame, para ver o
nível de atrofiamento do meu cerebelo. Não é dolorido o exame; apenas um pouco
estranho ficar dentro daquela máquina, como se fosse um astronauta prestes a
embarcar para a lua.
Tem que ficar imóvel, não mover nem um músculo, para que o
exame dê certo e ouvir aquele barulhinho várias vezes. Teve uma hora que o
médico disse: “A senhora moveu a cabeça; não pode”. Não percebi que tivesse
feito qualquer movimento. Depois ele disse: “Não abra e nem mexa a boca”. Eu
também não o percebi.
Em algum momento, hoje à tarde, me deu vontade de chorar;
angústia e desalento eram os sentimentos que afloravam mais fortes dentro de
mim, principalmente quando tive que preencher um questionário, fazendo uma
autorização para o exame e a moça disse: peça a alguém para lhe ajudar, como se
eu não tivesse capacidade de fazê-lo.
Expliquei para ela que não era analfabeta; falei da minha
profissão, mas expliquei meu problema e as dificuldades que estava passando, mas
tive que engolir aquele sentimento: eu ainda não estou só. Contei com a bondade
de minha sobrinha Nathalya, que passou a tarde toda pra cima e pra baixo, de
clínica em clínica comigo.
Pensei comigo que, apensar de tudo, de toda a situação, eu
tenho que agradecer a Deus. Não estou de todo sozinha; preciso me conter e ser
forte diante dos meus sentimentos, diante da vida, da possibilidade de algum
dia chegar à invalidez e não ter mais opção de vida.
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