quinta-feira, 31 de julho de 2014

Alagoano chega ao cargo de secretário de governo de Massachusetts

Graduado em jornalismo ele foi aperfeiçoar o inglês e resolveu ficar

Olívia de Cássia – Repórter

O alagoano Marcony Alex de Almeida Barros ou Marcony Almeida é graduado em jornalismo desde 1998, formado pela Universidade Católica de Pernambuco e foi para os Estados Unidos para melhorar o inglês. Natural de Maceió e com 38 anos, atualmente ocupa o cargo de secretário de governo em Massachusetts, nos Estados Unidos.

Quando ainda era estudante de Comunicação Social no Brasil, Marcony Almeida conta que recebeu uma premiação como Talento Universitário (em 1988), promovido pelo extinto jornal Tribuna de Alagoas. “A Tribuna lançou um prêmio de monografia onde estudantes ganhariam uma poupança da CAIXA (os três primeiros lugares) para a monografia com o título, O Papel Social da Imprensa em Alagoas. Eu participei com outras centenas de estudantes e ganhei o primeiro lugar”, observa.

O jornalista conta que ingressou na carreira acadêmica de jornalismo em Recife, e lá ganhou outros prêmios universitários. “Meu TCC foi um vídeo sobre doenças mentais e formas alternativas de tratamento; ganhei um prêmio em Porto Alegre como melhor vídeo, na PUC de lá”, destaca.

ATUAÇÃO

Solteiro, Marcony Almeida conta que no Brasil atuou como repórter de economia do Jornal do Commercio de Recife e colaborador do O Jornal, em Maceió. Por e-mail ele bate um papo com a reportagem e fala como foi galgar o cargo que hoje ocupa nos EUA.

Marcony Almeida relata o momento de quando foi morar no exterior e como se deu essa passagem. “Sempre tive vontade de aprender inglês e fazer um curso de especialização no exterior. Daí um amigo de faculdade que morava aqui em Boston com a namorada me convidou para vir estudar inglês”, explica.

Ele pontua que aprendeu a língua e depois ingressou na universidade. “Quando consegui meu primeiro estágio numa ONG, chamada Centro do Imigrante Brasileiro, em Boston, fui chamado para trabalhar não só na área de imprensa, mas de educação cívica, para os imigrantes que moram em Boston”, conta.

Com seu trabalho, ele pontua que foi homenageado pelo prefeito de Boston com o prêmio “Novo Bostoniano do Ano”, oferecido àqueles cujo trabalho tem impacto na vida dos imigrantes da cidade. Foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio. 

O jornalista alagoano radicado nos Estados Unidos explica que ficou na casa de um amigo assim que chegou ao exterior e foi estudar numa escola que encontrou quando chegou por lá.

Para se manter, jornalista trabalhou em restaurantes; foi garçom e caixa

Marcony Almeida fala também das atividades que desenvolveu para se manter nos Estados Unidos, antes do seu trabalho na ONG Centro do Imigrante Brasileiro, em Boston. “Trabalhei em cozinha de restaurante; fui garçom, caixa, até meu primeiro emprego na ONG. Sempre adorei política e procurei me envolver com isso aqui; sou editor de minha própria revista também, então sempre estou ligado no meio politico divulgando tudo”, destaca.

Segundo o jornalista, quando o atual governador Deval Patrick se candidatou, ele era diretor de uma das maiores ONGs de organização de direitos civis de Massachusetts. “Ajudei na campanha, e quando ele foi eleito me convidou para ser chefe de gabinete de uma das secretarias do Estado. Com a saída da secretária, fui convidado para assumir o posto”, explica.

O alagoano Macony Almeida diz que não há nada melhor na vida do que fazer o que gosta e fazer não só em prol de vocês mesmo, mas do próximo. “Estamos nesse mundo para servir um ao outro. Minha secretaria chama-se Office for Refugees and Immigrants. É um órgão com um orçamento de U$ 23 milhões e que financia projetos de integração social de imigrantes e refugiados no Estado”, argumenta.

Além disso, o jornalista é responsável pelo contato e promoção do governo entre os meios de comunicação de diferentes línguas, conhecidos no exterior como mídia étnica. Segundo ele, existem mais de 100 no Estado.

TRATAMENTO

 Marcony Almeida fala ainda sobre o tratamento que foi dado a ele como nordestino que conseguiu se firmar no exterior. “Já passei por tipos diferentes de tratamento aqui, desde gerente de restaurante limpando a mão suja na minha farda até estar na comissão VIP que organizou a visita da presidente Dilma ao Estado; o governador a recebeu e eu estava na equipe de mídia”, ressalta.

 O jornalista avalia que tudo o que se faz com determinação, humildade, fé e atos dignos, a vida só lhe oferece o melhor. “Às vezes paro e penso no dia que cheguei aqui no ano de 1999; sem falar inglês muito bem, trabalhando em restaurante para pagar meus estudos, e hoje estar na posição que cheguei me deixa muito feliz”, avalia.

Ele observa que o cargo não lhe sobe à cabeça: “Porque cargo hoje a gente tem mas amanhã pode não ter. O que importa é ser um homem decente e profissional respeitado onde quer que você esteja. Tem uma frase magnífica que conheço e acredito muito que diz: ‘floresça onde fores plantado’; é isso que tenho tentado fazer durante minha carreira e minha vida”, pontua.

O jornalista argumenta ainda que, apesar de ter sido discriminado no exterior isso não o abateu: “Faz parte do crescimento pessoal e profissional. Até aqueles tratamentos me fizeram ser o profissional que sou hoje; quando se é discriminado se aprende a não discriminar. Eu sempre procurei respeitar a todos e esperava respeito mútuo. Nunca tive sérios problemas de tratamento aqui. Acho que os outros geralmente lhe tratam pela forma como você se conduz. Claro, existem os ignorantes, mas até aqueles nos ajudam a aprender, a ter paciência, finaliza. 

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