Olívia de Cássia – jornalista
Deixa-me cantar para expulsar de mim tudo aquilo que não for
positivo; do bem. Tem momentos que dá aquela vontade de gritar, bem alto, como
se fosse para o mundo ouvir o teu urro de liberdade, uma necessidade de a gente
se fazer entender, para que ninguém tenha dúvida disso.
Quero me permitir ter vontade de dizer: ‘eu existo, eu tenho
minhas vontades e desejos e só a mim isso pertence’. Mas de que adianta expor todos
esses sentimentos, se ninguém vai entender os teus motivos ou poder fazer algo que possa mudar a tua realidade?
Não me analise tão seriamente, deixa-me te dizer que ninguém tem nada com o que penso, ou digo ou, se o tem,
não precisa dizer, pois cada um pode conduzir a sua vida e ponto. Dez anos se
passaram para que eu pudesse entender todo esse processo de amadurecimento, doeu muito.
Eu pulei fogueiras, depois de me humilhar, indevidamente,
quase implorando afeto, amor e lealdade e quase cheguei ao fundo do poço; sofri com aquelas perdas, tive arrependimentos: foi
um verdadeiro rito de passagem que marcou minha vida para sempre tudo aquilo.
Eu queria dizer que eu poderia ter aproveitado muito mais a
juventude, se não tivesse ficado presa a uma teia de dependência emocional, ligada a sentimentos complexos e a muitas emoções. Presa a uma situação que não me
levou a grandes lugares.
E agora, depois de caso passado, chego à conclusão que
passei por um processo de crescimento: eu amadureci, procurei entender os motivos
do outro e dos outros, ainda que para isso
eu tenha morrido um pouco, interiormente.
De repente, a gente entende todo o processo, toda aquela trama, como se fosse um filme, e tudo passa a
ser diferente: veio o perdão e com ele a certeza de que sou hoje uma pessoa mais
forte, mais firme, talvez mais real,
substancial.
Posso afirmar que hoje eu sou alguém que não se deixa mais
enganar, num primeiro momento, por sentimentos vãos e procuro melhorar o meu modo de ver a vida. Entendi que ninguém é obrigado a te amar e a nutrir
belos sentimentos por você se não tiver propício e aberto para isso.
Deixa-me eu ser verdadeira, para que eu possa ainda chorar
de vez em quando, expulsar aqueles demônios que ainda insistem em se manifestar,
vez ou outra, inquietos, dentro de mim.
Dizer que uma vez ou outra eu também quero me dar o direito
de ser o que eu quiser, de chorar, de sorrir, de ser eu mesma, por dentro e por
fora. Não tenho medo de chorar: já chorei demais, mas não quero sofrimentos
daqui em diante: quero alegria, quero tudo o mais.
Que eu possa entender que naquele tempo havia dor e renúncia
e eu não acreditava em mim, era tudo muito maluco aquilo. E hoje eu posso dizer
que venci uma etapa da vida, venci e superei aquele vazio e agora eu sou mais
eu. Boa noite!
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