Tem dias que a gente acorda com aquela sensação estranha, o
aperto no peito, como se o mundo tivesse pesando em seus ombros. E a gente tem
que respirar fundo, contar até dez, fazer o exercício de treinamento com o cérebro,
para a paciência e a persistência; não desistir e seguir em frente.
Eu tenho isso de vez em quando: uma sensibilidade que ainda
não entendi, quando algo está para acontecer ou já aconteceu. Não, eu não me
sinto uma estrangeira em meu território, mas é uma situação que não sei explicar.
Uma vontade incontida de chorar e chorar bastante, de deixar
fluir todo esse sentimento que me aperta o peito e que me traz algumas
reflexões que me levam às lágrimas, ao ver uma simples mensagem na tela do
computador; uma mensagem de amor, seja ela de que forma for.
E vem aquela sensação imensa de querer conhecer o mundo que
eu não conheci, de dizer que: eu existo, que sinto, que quero; um instante de
renovação interior, de necessidade de me desfazer de muita coisa que já não tem
serventia, de me despojar de sentimentos que não sejam do bem, para depois me
recompor e me refazer.
Incomoda algumas
cenas de agressividade: eu não quero ser testemunha de nenhuma delas, seja ela
contra crianças, animais e pessoas. Cecília Meireles disse que “liberdade é uma
palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que a explique e ninguém
que a entenda”.
Talvez seja essa liberdade que existe dentro de mim, esse sentimento
que sempre nutri, de ser livre, que esteja reclamando de algo que ainda não fiz
e que preciso fazer. E como foi pouco o que fiz em relação ao que sonhei!
Não preciso de uma análise mais aprofundada para saber que
sempre fui idealista, sonhadora. Sonhava com viagens, em conhecer o mundo,
pessoas, culturas diferentes, concluir meu curso de línguas e fazer outros e
nada disso eu fiz.
E talvez seja aquela luzinha que existe dentro da gente que
está dando sinais de que não tenho muito tempo e que não vou ter capacidade para
realizar tudo o que sonhei.
E como diz Mirela Meira Ribeiro em sua tese de mestrado, “mesmo
as palavras, aquelas que se apertam na garganta, que dilaceram o estômago, que
contaminam o fígado”, às vezes ficam impedidas de sair, porque a gente não sabe
como dizê-las, ou se precisa dizê-las para alguém, que pode não entender a tua
necessidade de expressão, o teu caminhar.
E vem a certeza de que muitas vezes, e quase sempre, é
melhor o silêncio, a reflexão e o desabafo interior, cá com nossos botões,
procurar distrair aquela intuição com muito trabalho, muita leitura, música,
não procurar descarregar frustrações nas outras pessoas e saber que amanhã é um
outro dia e você poderá ser melhor do que o agora, de que a esperança ainda
existe em seu coração. Bom dia, boa sexta-feira e fiquem com Deus.
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