quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Às vezes penso...

Olívia de Cássia – jornalista

A minha mudança interior e consequente melhora na minha aparência externa, foi o melhor que me aconteceu nos últimos tempos. A vida tem me mostrado que, apesar dos anos passados, foi o melhor que poderia ter me acontecido, ainda que tenha sido na idade madura.  

Aqueles eram sentimentos e questões que não interessavam a ninguém e eu me certifiquei ainda mais que a minha baixa autoestima era o que me levava a agir com tanta negatividade, tristeza e angústia.

Cheguei à conclusão de que ninguém tem nada a ver com o que você estou passando ou sentindo e a gente não tem que se expor tanto diante da vida com relação a seus sentimentos, porque muita gente não entende isso.

O mundo vai te mostrando isso e ter mudando a maneira de me conduzir me iluminou de uma forma tal que hoje eu me sinto melhor, por dentro e por fora. E fico admirando a forma tão rápida e nem tão intensa como os fatos aconteceram.

Até parece que foi ontem de tão rápido que tudo passa na vida da gente, mas quando estamos passando determinada situação avaliamos como infinita. Hoje me dei conta de que os filhos dos amigos cresceram, viraram belos rapazes e belas moças. Os sobrinhos e sobrinhas também; eles já são pais e mães e cada um foi viver a sua vida.

Os amigos da infância, muitos partiram sem volta e outros eu não encontrei mais por aí.  Já não tenho meus velhos para pedir conselhos ou um colo, quando preciso, tudo ficou dividido: não tive as minhas próprias crias, aquelas que poderiam ter saído do meu ventre, mas nem tudo na vida é como a gente quer ou imagina que quer.

Fico observando no cotidiano, como tudo muda de repente e tudo passa e há aquele momento que a gente pensa em desabafar com alguém, em falar dos nossos sonhos, dos planos, das nossas ‘verdades’, mas que histórias são essas que quero expor?

Não tenho expectadores para ouvi-las. Até porque eu posso parecer inconveniente e aprendi isso depois de ter mudado minha maneira de ver o mundo e de me conduzir diante dele. Não adianta tanta exposição, ninguém vai me curar das agonias e frustrações e o jeito é eu me contentar com meus próprios argumentos.

O acúmulo dos nossos saberes, dos nossos conhecimentos é o que podemos classificar como absolutos. Sendo assim, achamos às vezes que estamos com a razão. Mas quem foi que nos disse que aquilo que adquirimos com nossos valores são as verdades do outro?

Eu não tenho medo da solidão que me acompanha quando estou em casa, diferente de muita gente que eu conheço que se apavora pelo fato de viver e estar sozinha. Minha solidão me proporciona conhecimento interior, paz de espírito, liberdade para fazer o que gosto, escolher e ler bons livros, fazer o que quero e quando quero. Isso é viver independente.

São indagações e questionamentos que vão surgindo num momento de intervalo em que insisto nas informações para terminar meus textos. Faço um passeio por vários sites de notícias, em busca de informações e entro em contato com a realidade do mundo: violência e ausência de paz.

Como disse ali o poeta, chega aquela hora em que estamos sozinhos, os vizinhos já foram dormir, a cidade adormeceu. E quem disse que se eles tivessem acordados queriam ouvir o que tenho para dizer? “Chega a hora em que os bares se fecham”, a cidade silencia e só me resta o barulho sonolento do mar. 

No alto da madrugada também tenho o barulhento motor da velha geladeira que ainda teima em funcionar. E graças a Deus que ela ainda funciona. Além disso, tem a inquietação dos meus cães, quando percebem que estou com alguma tristeza em meu coração.

Mas esse não é um problema, é a solução. Diante dessa minha  inquietação, me resta contar com eles para dividir as minhas ‘verdades’, mesmo que essa divisão seja silenciosa e que eles mostrem que me entendem apenas com um olhar e com gestos carinhoso. Boa noite!

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