Olívia de Cássia - jornalista
Vivi no início da tarde desta sexta-feira, 18 de outubro, em
Maceió, uma cena de novela ou de filme policial. Esta é a segunda vez este ano
que presencio um assalto a coletivos na capital alagoana, quando estou a
caminho ou de volta do trabalho: só que hoje foi muito pior.
Estou com medo de sair de casa, acuada, temerosa para pegar um ônibus para o trabalho ou lazer,
não sei como será daqui pra frente. Entrei no ônibus da linha Graciliano Ramos
via Trapiche, por volta de uma hora da tarde, via Serraria para meu trabalho na
Tribuna Independente, como faço todos os dias.
Quando o coletivo ia subindo a ladeira do Jacintinho, foi
assaltado por um adolescente com um revólver em punho, ameaçando o motorista e
o cobrador da empresa Maçayo. A cena foi de horror e vai passar muito tempo
para que eu esqueça.
Os passageiros, a maioria jovens e estudantes, ficaram
apavorados, inclusive eu, que logo comecei a tremer e a chorar. Agradeço aqui o
apoio e solidariedade que recebi daqueles jovens, ao presenciarem o meu desespero.
Eu não lembro se tenha visto aquele rapaz entrar no ônibus,
mas disseram os estudantes que o cobrador perguntou se ele na ia passar na
catraca e ele teria dito que desceria logo adiante, já anunciando o assalto.
O ônibus estava com todas as cadeiras ocupadas e algumas
pessoas em pé, mas não estava lotado.
Apontando o revólver, o rapaz, de cabelo
descolorido e aparentando uns quinze anos, pediu tudo o que o cobrador dispunha na gaveta,
inclusive o celular, e pediu mais.
Apontou o revólver para o meio do ônibus e pediu o boné de um jovem, que
amedrontado, levantou e foi entregar o boné de marca.
O cobrador levantou da cadeira e disse que não tinha mais
dinheiro e foi aí que ele puxou o gatilho e atirou: era um filme, eu tinha
quase certeza, se não fosse o meu pavor, tudo isso com o ônibus em movimento.
Os passageiros começaram a gritar apavorados, principalmente
nós mulheres e foi aí que um senhor de cabelos grisalhos que estava sentado na
frente se atirou em cima do rapaz. Disseram depois que se tratava de um
policial aposentado, que saiu dali com a mão ensanguentada, porque o tiro
passou de raspão.
Começamos a gritar, pedindo que ele não fizesse aquilo, pois
estava colocando sua vida em risco e também a nossa, já que reagiu ao assalto.
Pedimos para o motorista parar o ônibus e ele parou em frente ao prédio da TV Alagoas, acho que ele viu que tinha policiamento por perto, porque em poucos minutos ouvimos um tiro e o assaltante foi preso levando os passageiros a aplaudirem os policiais. Uma equipe da TV que estava bem próxima filmou tudo.
Pedimos para o motorista parar o ônibus e ele parou em frente ao prédio da TV Alagoas, acho que ele viu que tinha policiamento por perto, porque em poucos minutos ouvimos um tiro e o assaltante foi preso levando os passageiros a aplaudirem os policiais. Uma equipe da TV que estava bem próxima filmou tudo.
Enquanto tudo acontecia, com o ônibus em movimento e o cara
apontando o revólver, eu me abaixei e me escondi por trás da poltrona do
ônibus, junto com uma mocinha que estava
do meu lado.
Abraçada a ela e chorando eu liguei para o deputado Ronaldo
Medeiros (PT), com quem trabalho, para avisar do ocorrido. Ronaldo chegou a ligar para o comando da
polícia, mas não sei se conseguiu falar com o coronel.
Também liguei para a chefia da Tribuna para comunicar o
assalto, mas eu chorava e gritava e me apavorava a cada cena. Tivemos sorte que
não sofremos piores danos, a não ser o dano psicológico que vai ficar por algum
tempo em minha mente.
Não tem sensação pior do que essa. Meu corpo ainda treme e
agora, depois de caso passado, eu lembrei a sensação que tive nesta manhã,
aquele peso nos ombros, aquela angústia que me indicava que algo ia acontecer.
Felizmente meu anjo da guarda continua em alerta e me
protegendo de todos os males, velando
por mim. Entrego tudo a Deus.
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