sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sexta-feira é dia de festa

Foto de Nathalya Cerqueira
Olívia de Cássia – jornalista

Sexta-feira é dia de festa; no começo da profissão era um dia em que a gente dava uma esticadinha, depois do expediente normal. Barzinho até de madrugada e depois viajava para União dos Palmares.

Chegávamos inesperadamente, lá na casa da Tavares Bastos e minha mãe nos dizia: “Deus faz, o vento espalha e o diabo junta”, numa referência a nós que gostávamos das mesmas coisas e depois ia arrumar nossa cama.

No dia seguinte a gente saia para passear com papai, passar pela Rua da Ponte e pelos locais que ele gostava de frequentar quando tinha saúde. Para ele era uma alegria quando a gente chegava no fim de semana lá e colocava ele no carro para passear.

Ele ficava contente, matava a saudade da paisagem e de tudo, revia alguns conhecidos. Depois dividíamos com ele uma saborosa cervejinha, que ele degustava feito água, de uma vez e depois ficava rindo.

Hoje me deu uma saudade enorme do meu pai. Ele foi meu esteio, meu porto seguro, meu amigo. Tínhamos muitas afinidades na vida e nessa época do ano ele ficava eufórico com a eleição.

Eu não poderia deixar de lembra meu pai nesse tempo. Seu João Correia de Cerqueira, o João Jonas, era um homem apaixonado por eleições e por política, mas se estivesse ainda nesse plano estaria decepcionado com o rumo que as coisas estão tomando.

Meu pai era um humanista e um democrata na concepção mais pura dessas palavras. A gente conversava muito sobre política e ele tinha um sentimento crítico à sua maneira diante das injustiças sociais.

Queria uma sociedade mais justa e mais fraterna e costumava fazer muita caridade. Meu pai pertencia à comunidade dos Vicentinos da Igreja Católica e não perdia uma missa, até quando pode se locomover.

Quando não pode mais caminhar recebia os sacramentos da igreja em casa. Quem conheceu meu pai pode comprovar isso tudo o que digo. Saudade do meu pai; sexta-feira é dia de festa.

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