Olívia de Cássia - jornalista
Passei a vida correndo em busca dos meus sonhos, queria me formar, ter uma carreira, viver independente de pai e mãe, ser livre e morar sozinha. Nunca fui de sonhar com casamento, queria viver com alguém que me amasse de verdade, independente das barreias que tivesse que encontrar.
A carreira eu consegui, aos trancos e barrancos, pois nada é fácil para quem não é afortunado; tive relacionamento de quase 20 anos e hoje moro sozinha. No meu tempo de agora me pergunto se era só isso o que eu queria da vida.
Eu repetia o tempo todo que não ia parar de estudar, mas quando a gente assume o mercado de trabalho tem que renunciar a muitas coisas, por conta da sobrevivência. Para mim não importava a opinião de terceiros se eu queria chegar onde eu queria, embora muita gente não tenha acreditado nisso.
A gente passa a vida sonhando, muitas vezes sonha com o impossível. Eu queria ser uma mulher independente e consegui isso, mas para tudo o que a gente conquista na vida, aprendi existe uma contrapartida e nem sempre essa contrapartida é fácil.
Às vezes procuro alguém com quem dividir minhas dúvidas, incertezas e fraquezas, mas as pessoas da minha idade estão ocupadas com seus problemas, seus casamentos, filhos e termino compartilhando minhas dores com o pessoal da juventude mesmo.
Os jovens me entendem tanto ou bem melhor que qualquer adulto da minha idade. Até porque muitas vezes penso da mesma forma que eles e me afino de certa forma com o pensamento mais moderno.
Às vezes tenho medo de parecer uma velha ridícula. Na maturidade a gente aprende que não pode ter tudo ao mesmo tempo e quando tem muitas vezes não dá o devido valor. Tem mais é que agradecer a Deus pelo o que tem e bendizer da vida.
Confesso aqui que na maioria das vezes sou um pouco sonhadora e não devo servir muito de referência para outras pessoas; foi assim que fui assimilando na minha adolescência e juventude em União, quando sofria a rejeição das mães preocupadas com a pureza de suas filhas.
Para chegar até aqui eu enfrentei muito preconceito, falatórios e discriminação das mães de muitas amigas que não queriam ver a filha às voltas com uma menina avançadinha, que pensava lá na frente, em ser livre, tinha namorado um hippie, com ideias libertárias.
Hoje reconheço que devo ter dado muito trabalho para a cabecinha dessas pessoas de pensamento conservador e antigo, principalmente para minha saudosa mãe. Mas eu nunca fiz nada por maldade, era apenas a minha maneira de pensar e de ser e não é porque hoje já estou na meia idade que vou desdizer a minha vida.
Luto com unhas e dentes para ser feliz, fujo do preconceito porque fui vítima dele e procuro me atualizar e estar antenada com a modernidade, com os jovens e não ser tão careta como a gente dizia na década de 70.
Por isso que digo sempre para a juventude que me pede conselhos: corra atrás dos seus sonhos se é isso o que você quer, não importa o que vier pela frente, encare a vida com suavidade e procure ser feliz. Boa tarde!
terça-feira, 4 de setembro de 2012
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