Rua da Ponte, destruída
Por João Paulo Farias – Texto e Foto
A trágica e histórica enchente do Rio Mundaú, que arrasou algumas ruas de União dos Palmares e outros municípios que fazem parte do seu percurso, completa dois anos hoje segunda-feira, 18 de junho. A “cheia” como é popularmente chamada, deixou um rastro de destruição que até hoje não saiu da memória das pessoas atingidas ou não pelas águas mortais.
O município de União dos Palmares, um dos mais atingidos pela tragédia, perdeu literalmente três importantes ruas que margeavam o Mundaú – as Ruas da Ponte, Jatobá e Juazeiro, foram arrastadas pelas águas, além de outras ruas e bairros, atingindo muitos moradores que foram direcionados para escolas e depois, às barracas cedidas pela Defesa Civil do Estado e uma ONG Inglesa.
O sofrimento dos flagelados da cheia se perdurou por mais de um ano, em acampamentos comparados a campos de concentração, devido à precariedade da infraestrutura oferecida a estas pessoas. O sofrimento e a péssima assistência do poder público refletiam a situação daqueles que perderam sua moradia por consequência das águas.
As obras para a reconstrução de 18 mil moradias para os desabrigados em Alagoas se perduram até os dias atuais. O prazo para a entrega das demais moradias seria em junho, segundo o Governo do Estado, mas ainda não foi anunciada a data do término das obras.
Em União dos Palmares estão em construção quatro conjuntos residenciais, dois na segunda entrada da cidade, um no Povoado Várzea Grande, um no Muquém e outro em Rocha Cavalcante, nesses locais ainda têm moradores dentro de barracas. As obras da reconstrução, no município totalizam cinco mil residências.
No Residencial Newton Pereira Gonçalves, será um total de 2.020 moradias; dessas, 365 já foram entregues em dezembro de 2011- um ano e seis meses depois da enchente, os contemplados foram os moradores que estavam alojados em barracas.
Voltando ao local percebe-se que os moradores estão se adaptando ao novo ambiente, algumas casas já receberam reforma, como a construção de muros e até mesmo pequenos comércios, mas os problemas de infraestrutura já começam a aparecer, ruas com crateras e até mesmo um esgoto entupido, incomodam os moradores.
Nas ruas da Ponte, Jatobá e Juazeiro, não existem mais moradias, a centenária Ponte sobre o Rio Mundaú foi reformada e ganhou uma passarela para pedestres, como também quase um quilômetro da AL-205, recebeu pavimentação e sinalização.
Hoje a Rua da Ponte serve como um local para caminhada e atividade física de muitos palmarinos. Nas margens do Rio Mundaú foram plantadas, há cerca de um ano, dezenas de árvores. O projeto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente objetiva a revitalização da Mata Ciliar do rio.
Onde existiam casas, só é possível ver algumas ruínas que resistem ao tempo e guardam as lembranças de quem residia no local. No lado oposto ao Rio Mundaú, os terrenos que pertenciam às famílias, receberam uma grande cerca, englobando-se as terras do ex-governador Manoel Gomes de Barros, que reside próximo ao rio.
Já na Rua do Jatobá, encontramos algumas casas e um terminal rodoviário, construído pela prefeitura municipal, que parece abandonado, já que o mato toma conta do local. Esse terminal é o ponto para os passageiros que viajam a Santana do Mundaú.
A Feira do Gado também se mudou para a Rua do Jatobá, a estrutura está quase concluída, mas não há prazo para a inauguração.
A tenebrosa noite de 18 de junho de 2010 será difícil de esquecer, vidas se perderam, sonhos foram arrastados pelas águas do Rio Mundaú. A rotina foi modificada, a geografia da cidade mudou mais em nenhum momento a esperança dos que sofreram com a enchente foi perdida.
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