quinta-feira, 14 de junho de 2012

Crônica urbana

Olívia de Cássia – jornalista

Da janela do ônibus que me conduz ao trabalho, eu vejo a paisagem que passa ligeira. À frente o mar de cor mais escura por causa da chuva que caiu à noite.

O ônibus segue adiante. Vejo pessoas na rua, umas aflitas por causa de horários a cumprir e ônibus passando rápido.

Uns nem obedecem a solicitação de parada e ‘queimam’ os pontos deixando quem necessita desse tipo de transporte aflito. As pessoas caminham rápido aos seus destinos.

A vida é corrida pela sobrevivência e quando a gente se dá conta, o tempo já passou, rápido como um furacão em nossas vidas.

E aí nos damos conta de que nos esquecemos de viver intensamente e amiúde e de fazer coisas simples, mas que são necessárias na vida.

Um vendedor de chicletes entra no ônibus, o discurso de todos é o mesmo. A falta de oportunidades e o desemprego.

Alguns a gente percebe que falam a verdade, que tentam ganhar a vida honestamente. Outros querem dinheiro para droga. Não deveria ser assim.

Há muitas injustiças no mundo. Se eu pudesse ajudaria muita gente mas , da mesma forma que não sou a palmatória do mundo, faço a minha parte e fico indignada com as desigualdades.

O ônibus segue em frente. No Jacintinho, na feirinha da Cleto Campelo, é intensa, vendedores de tudo. Lojas e ambulantes; todo mundo querendo ganhar o pão de cada dia.
Vejo vitrines de coisas que nunca vou comprar.

A cabeça começa a doer. O ônibus passa lentamente na rua engarrafada. Vendedores de peixe borrifam o produto com água. Daqui a pouco não servem mais para o consumo.

Meus olhos ardem intensamente lacrimenjando. Já não têm a mesma qualidade visual de antes, sinais de velhice e cansaço pelo uso intenso. Boa tarde.

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