sexta-feira, 1 de março de 2013

O poeta

Olívia de Cássia - jornalista

Ele escrevia poesia, fazia música e durante um tempo saiu de casa e virou hippie. Estávamos na década de 1970 do século XX; nossas famílias tinham laços de sangue e eram ligadas. Aquele poeta queria mudar o mundo com seu jeito de ser, rebelde, tal como eu era e  isso me chamou atenção nele.  

Eu estava então com 17 anos quando ele voltou à nossa querida União dos Palmares; ele tinha 24 anos e na sua primeira aparição para mim,  depois de ter passado quatro anos fora da cidade, uma segunda-feira de Carnaval, na Praça Basiliano Sarmento, aquela luzinha vermelha que pisca dentro da gente anunciando um amor acelerou dentro de mim.

Eu não conseguia desviar o meu olhar e nem desgrudar meus olhos daquele rapaz de cabelos encaracolados, tingidos de blondon, numa tonalidade castanho bem claro, quase louro. Era ele a partir daquele momento o centro das minhas atenções. E foi durante seis longos anos.

Foi um amor quase à primeira vista se eu não o conhecesse antes de sair da cidade, um sentimento fulminante aquele da minha idade mais bonita, mas que também foi o período mais sofrido da adolescência distante.

Eu era uma menina tola, de classe média, estudiosa, ingênua, desengonçada e cheia de sonhos e queria ser feliz a todo custo: seria capaz de lutar contra o mundo para vê-lo feliz. Desde aquela época eu já gostava de fazer poesias e de ouvir música, muito rock in roll e músicas de bom gosto.

No baile da Carnaval, na Palmarina,  à noite, ele estava acompanhado da irmã de um amigo nosso, mas eu não conseguia desviar o meu olhar, passei a noite toda bebendo e pensando naquele moço bonito.

A partir dali nascia um grande amor dentro de mim. Um amor dos 17 anos que foi mais um sentimento platônico. Aconteceram tantas coisas na minha vida, que hoje eu nem consigo imaginar se tudo tivesse sido diferente o que teria acontecido.

Os dias foram passando e ele continuava na cidade. No dia 31 de abril daquele ano iniciamos um curto namoro, na boate O Casarão, de seu Gilvan, pai da minha amiga Carmem Lúcia. Um namoro que não durou muito tempo. Aquele sentimento me marcou para o resto dos meus dias.

Fui alvo de muitos falatórios indevidos, preconceitos e todo tipo de  conversa. Eu daria tudo para ter conseguido ajudar aquele moço que despertou em mim os sentimentos mais bonitos. Lembranças de um tempo passado, nesta sexta-feira, 1 março. Bom dia. 

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