(Foto de José Marcelo)
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Olívia de Cássia – jornalista
Eu não poderia deixar de prestar minha última homenagem a
Silvio Sarmento, um grande amigo que ganhei há poucos anos. Não pude sustentar
minhas lágrimas de dor e saudade, quando nesta quinta-feira, 7, logo cedo, recebi uma ligação no
meu celular, de Kelly, me avisando que
ele tinha nos deixado.
A sensação que eu senti foi a da grande perda que me
acompanha ao longo dos meus anos de vida. Foi como se alguém da minha família
tivesse partido, um bom irmão. Mais uma vez estou órfã, posso dizer assim,
porque Silvio Sarmento era um grande amigo, um incentivador do meu trabalho e
amava União dos Palmares feito eu.
Tínhamos uma cumplicidade nisso, nos nossos
sonhos de mudar o mundo. Toda semana Silvio lia meus escritos na sua Rádio Zumbi, já
alguns anos, e ele sempre me dizia: “Lili (como ele carinhosamente me chamava)
você precisa se valorizar mais, você escreve lindamente e eu tenho prazer em
fazer você chorar quando me ouve lendo seus textos”.
E era sempre assim. Com frequência ele me mandava os áudios
dos meus escritos, que ele lia no seu ‘Pense Nisso’ ou ‘Mensagem ao
Entardecer’. E mesmo eu não o visitando com frequência, a gente sempre ‘trocava
figurinha’, fosse por telefone, e-mails e agora pelo Facebook.
No dia da eleição eu fui visitá-lo na Rádio Zumbi e ele aproveitou para me entrevistar. Eu sempre relutava quando ele me convidava para entrevistas, porque tinha pavor do microfone e ele ria muito quando eu dizia isso. Ficamos quase duas horas conversando: sobre política, sobre União e sobre os meus textos e minhas poesias.
Ele tinha um projeto de fazer na rádio um momento de poesia e me falou a respeito. Dessa forma me pediu que encaminhasse minhas poesias para ele e eu mandei o arquivo do livro inteiro. Dando boas gargalhadas ele me disse que colocou o arquivo para imprimir porque pensava que fossem algumas páginas e foi dormir.
"No outro dia Lili, amanheceu um monte de papel espalhado no chão; eu não pensava que você fosse me mandar todas as poesias".
Há pouco tempo eu postei uns textos do meu livro de memórias
e num deles ele me respondeu: “Precisamos conversar sobre isso, sobre algumas coisas que você escreveu; quero lhe fazer
umas perguntas, quando vier por aqui”. Mas as perguntas de Silvio foram embora com ele, nesta quinta-feira e a vida ficou mais triste.
Infelizmente,
não poderei mais responder aos questionamentos do meu amigo, porque ele se foi
e partiu de repente, nos deixando uma grande saudade, uma dor imensa e um vazio
que vai demorar a ser preenchido, se é que vai ser algum dia.
Tinha muita gente no sepultamento e como disse seu filho
Paulinho, agora há pouco num post seu no Face, ‘parecia uma procissão’, de tanta que era a
quantidade de pessoas que foram prestar a última homenagem a Silvio.
Todas as qualidades dele já foram ditas durante o cortejo, nas homenagens
que foram feitas, ressaltado a
realização de seu sonho com a criação da Rádio Zumbi, que não pode agora se calar. É
preciso que se dê um andamento aos projetos de Silvio para que onde ele estiver
se sinta feliz.
E agora vocês me dão licença que eu vou chorar a minha dor, saudosa do meu amigo. Vou
lembrar de todos os elogios generosos que ele me fazia, com seu carinho e
sensibilidade. Vai em paz, meu amigo. Que papai do céu te receba com os anjos
tocando trombetas, tocando frevos e ressaltando a tua alegria e irreverência.
Fica com Deus.
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