Aprendi desde cedo na escola, como católica apostólica
romana, que a Páscoa é um ritual de passagem e que representa a passagem de um
tempo de trevas para outro de luz, isto muito antes de ser considerada uma das
principais festas da cristandade.
Os historiadores contam que a celebração da Páscoa era feita
desde a antiguidade, principalmente pelos povos europeus, mas com o objetivo de
comemorar a entrada da primavera, que traz vida e a possibilidade de plantio e
colheita de alimento.
Dizem que para entender a Páscoa é necessário que se volte para
a Idade Média e a gente lembre dos antigos povos pagãos europeus que, nesta
época do ano, homenageavam Ostera, a deusa da Primavera.
Com o passar dos anos essa época passou a ter significações
religiosas, com interpretações diferentes dependendo da religião. A palavra
Páscoa vem do hebreu e significa a passagem da escravidão para a liberdade.
É a maior festa cristã, pois é nessa data que se celebra a
ressurreição de Cristo e é uma festa móvel, ou seja, varia o dia dependendo do
ano, pois ocorre aos 47 dias após o Carnaval, e esse período é chamado de
Quaresma.
Depois de ser crucificado e morrer na cruz, o corpo de Jesus
foi colocado em um sepulcro, onde permaneceu por três dias, até sua
ressurreição. Esse momento onde Jesus ressuscitou que dá o verdadeiro
significado para a Páscoa, pois foi um ritual de passagem, tornando-se o dia
santo mais importante para os cristãos.
Sempre me emocionei nessa época do ano, pois quando a gente
era criança, lá na Rua da Ponte, meus pais jejuavam e nos davam orientações de que durante esse período era um tempo de orações e de a gente procurar ser melhor.
Na Sexta-feira Santa nós também só fazíamos as principais
refeições e era um dia triste. Papai levava a gente para beijar o Senhor morto
na igreja; os santos ficavam todos
cobertos de panos roxos, na igreja e nas casas também.
Seu Antônio Timóteo, pai de Nivalda e Tita, proprietário de um bar na
cabeça da ponte, passava o dia todo ouvindo bem alto a história de Jesus e eu
me comovia ouvindo aquela saga de um homem tão bom que morreu na cruz para
salvar a humanidade.
No cinema passava a história do ‘Marcelino Pão e Vinho’ e
lembro-me de uma única vez que meu pai foi com toda a família o cinema para
assistir a fita. O que a gente gostava mesmo era das comidas gostosas que minha
mãe fazia, próprias da época.
Era um verdadeiro banquete que ela preparava sozinha, além
da casa arrumada que era sempre um brinco, como se dizia no interior. Tenho
muita saudade daquele tempo e sinto-me reflexiva também nessa época do ano.
Hoje em dia a Páscoa é mais alegre, uma celebração em família, muitas cores e
muitas brincadeiras para as crianças, além de muito chocolate e muita comida.
Mas a gente não deve esquecer do que representa para todos
nós: o ritual de passagem para uma vida melhor. Uma feliz Páscoa para todos e que possamos
meditar um pouco sobre o que estamos fazendo das nossas vidas.
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