quarta-feira, 27 de março de 2013

Um ritual de passagem...

Olívia de Cássia – jornalista

Aprendi desde cedo na escola, como católica apostólica romana, que a Páscoa é um ritual de passagem e que representa a passagem de um tempo de trevas para outro de luz, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade.

Os historiadores contam que a celebração da Páscoa era feita desde a antiguidade, principalmente pelos povos europeus, mas com o objetivo de comemorar a entrada da primavera, que traz vida e a possibilidade de plantio e colheita de alimento.

Dizem que para entender a Páscoa é necessário que se volte para a Idade Média e a gente lembre dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, a deusa da Primavera.

Com o passar dos anos essa época passou a ter significações religiosas, com interpretações diferentes dependendo da religião. A palavra Páscoa vem do hebreu e significa a passagem da escravidão para a liberdade.

É a maior festa cristã, pois é nessa data que se celebra a ressurreição de Cristo e é uma festa móvel, ou seja, varia o dia dependendo do ano, pois ocorre aos 47 dias após o Carnaval, e esse período é chamado de Quaresma.

Depois de ser crucificado e morrer na cruz, o corpo de Jesus foi colocado em um sepulcro, onde permaneceu por três dias, até sua ressurreição. Esse momento onde Jesus ressuscitou que dá o verdadeiro significado para a Páscoa, pois foi um ritual de passagem, tornando-se o dia santo mais importante para os cristãos.

Sempre me emocionei nessa época do ano, pois quando a gente era criança, lá na Rua da Ponte, meus pais jejuavam e nos davam orientações de  que durante esse período era um tempo de orações e de a gente procurar ser melhor.

Na Sexta-feira Santa nós também só fazíamos as principais refeições e era um dia triste. Papai levava a gente para beijar o Senhor morto na igreja; os santos ficavam todos cobertos de panos roxos, na igreja e nas casas também.

Seu Antônio Timóteo, pai de  Nivalda e Tita, proprietário de um bar na cabeça da ponte, passava o dia todo ouvindo bem alto a história de Jesus e eu me comovia ouvindo aquela saga de um homem tão bom que morreu na cruz para salvar a humanidade.

No cinema passava a história do ‘Marcelino Pão e Vinho’ e lembro-me de uma única vez que meu pai foi com toda a família o cinema para assistir a fita. O que a gente gostava mesmo era das comidas gostosas que minha mãe fazia, próprias da época.

Era um verdadeiro banquete que ela preparava sozinha, além da casa arrumada que era sempre um brinco, como se dizia no interior. Tenho muita saudade daquele tempo e sinto-me reflexiva também nessa época do ano. Hoje em dia a Páscoa é mais alegre, uma celebração em família, muitas cores e muitas brincadeiras para as crianças, além de muito chocolate e muita comida.

Mas a gente não deve esquecer do que representa para todos nós: o ritual de passagem para uma vida melhor.  Uma feliz Páscoa para todos e que possamos meditar um pouco sobre o que estamos fazendo das nossas vidas. 

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