domingo, 3 de março de 2013

Mistérios da vida

Olívia de Cássia – jornalista

A vida é engraçada e surpreendente, às vezes. Ela vai nos conduzindo para caminhos diversos. Ora reafirma situações e torna algumas questões mais claras, nos afasta de pessoas da família, involuntariamente, e a gente vai caminhando em busca de um rumo, de uma direção, até que algo aconteça e nos mostre a realidade.

Até hoje eu vivi para a minha profissão: eu me entreguei de corpo e alma a desempenhar as minhas funções nessa atividade que amo tanto, talvez para compensar o outro lado que não deu certo, o lado pessoal e sentimental.

Mas por conta dessa total dedicação, estou em falta com algumas pessoas da minha família e com alguns amigos; reconheço, mas não é nada intencional. Tenho uma vida meio maluca, um pouco fora do normal, corrida e o tempo passa num instante e quando percebemos temos deixado passar alguns momentos importantes da vida que não voltam.

Ultimamente dei para refletir sobre isso e sobre algumas questões da vida. Quando a gente vai envelhecendo começa a fazer um monte de reflexão, pensa no passado, no que poderia ter feito para ter sido diferente em algumas coisas, as limitações que vão surgindo e tudo o mais.

Acho que ser mulher também tem dessas coisas que para alguns podem parecer muito tolas. Sou frágil, não nego a minha condição. Agora eu dei para sentir saudade da vida que tive e da que eu não tive também e preencho essa lacuna com minhas leituras.

Eu sinto falta do amor e do calor familiar, do encontro em família e de tudo de bom e de aconchego que isso signifique, quando a gente tem a família toda junta, apesar das brigas e das desavenças. Quando isso acaba a gente perde o chão, o ponto de equilíbrio.

Mas essas reflexões a gente só faz quando fica velha mesmo e apesar de relutar tanto para não envelhecer, tenho consciência de que cheguei lá. É muito difícil conviver com o ser humano, ainda mais comigo, que às vezes me acho um bicho do mato, apesar de fazer tantas amizades.

Tem horas que eu necessito da minha solidão para me por em ordem, me refazer. O mundo está em ebulição, os fatos acontecendo tudo muito rapidamente. Estou numa fase daquelas onde se estabelece uma linha tênue entre uma decisão e outra, entre o ficar e partir.

Aquele instante em que a gente precisa mudar para se refazer de tudo, se aprimorar, se recriar e reaprender a sorrir na profissão, porque vida pessoal eu não tenho o que fazer pois não a tenho. Os anos passaram para mim e a gente vai percebendo e acentuando as nossas fragilidades.

São sensibilidades no campo emocional, na saúde e na vida prática. Qualquer coisa que nos tire do foco afeta a nossa vida e desde a queda que levei na quinta-feira, que tenho pensado em como será daqui a algum tempo. Sempre que isso acontece me ponho a pensar.

Mas eu não quero me impressionar com isso, não quero pensar no que estar por vir, apenas vou pedindo a Deus um pouco de coragem e resistência, para que eu possa desempenhar o meu trabalho com dignidade, amor e dedicação. Boa semana e fiquem com Deus. 

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