Em outubro de 1988 foi promulgada a nova Constituição da
República Federativa do Brasil. Resultado de muitos debates, seminários,
passeatas e discussões relevantes para um período marcado pelo retorno à
democracia.
Dizem que a nova Carta Magna trouxe consigo também as lutas
dos movimentos de mulheres e suas reivindicações. Dessa forma, conceitos como
"sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação" foram incorporados ao texto da nova Constituição.
Não é que a realidade atual reflita totalmente o que manda a
lei, mas as mulheres passaram a ter visibilidade no documento, ao serem
igualadas aos homens, em direitos e obrigações. Não foi uma luta fácil e ainda
falta muito para a gente conseguir a igualdade de gênero.
Itens como a licença-maternidade, licença-paternidade, direito
de poder ter intervalos para amamentar o filho, depois do fim da
licença-maternidade, entre outras conquistas que revolucionaram a sociedade
moderna, foram conseguidas, embora tenha havido muitas críticas à nova
Constituição.
“O movimento feminista refletiu, também, no Brasil, na
atuação das mulheres que incorporaram a busca pela modificação das práticas
masculinas, bem como o respeito às diferenças entre mulheres e homens”, afirma Tania Fatima Calvi Tait, da Universidade de Maringá.
Segundo Tania, a busca pela igualdade é colocada na ordem do
dia e se reflete na luta por igualdade salarial, apoio às mulheres
trabalhadoras e a participação da mulher na política, ocasionando discussões de
ordem religiosa e familiar ao colocar em cheque o papel tradicional e
culturalmente aceito da mulher na sociedade.
Uma discussão que se arrastou durante anos no movimento
feminino foi a implantação das casas de passagem, que desde muito antes da
aprovação da Constituição de 1988 eram alvo de grandes debates em seminários e
encontros femininos.
A gente já discutia a sua criação nos diversos municípios
alagoanos, baseado na necessidade da criação desses locais, por conta da
violência contra a mulher, que já se alastrava no País. É um tema que ainda
hoje vem à discussão, já que muitos municípios criaram as casas de passagem,
mas não têm estrutura para receber a demanda.
As mulheres continuam sofrendo preconceitos diversos, mesmo
que os tempos tenham mudado, a conjuntura é outra e os valores familiares, alguns
foram deturpados. Naquela época Mãe solteira era discriminada pela sociedade,
que na maioria das vezes não admitia essa mulher como uma pessoa séria.
A gente estudava sobre socialismo e a luta das mulheres pela
sua libertação, para superar todo o preconceito. A partir da década de 1930 do
século passado, ela conquista o direito de votar e foi Bertha Lutz a grande responsável
por esse feito.
Das grandes violências sofridas pelas mulheres naquela época
de faculdade, duas me marcaram bastante: uma foi a história da mulher que foi
marcada com ferro de marcar bois, pelo marido insatisfeito com a traição, nos
dois lados do rosto, em Alagoas.
A outra foi o caso de uma estudante universitária, do
Sudeste do País, que teve o corpo todo queimado com álcool pelo namorado. Afora
esses casos os de assassinatos que vêm acontecendo ao longo desses anos todos,
ainda por ciúmes e falta de amor. Ainda temos muito o que lutar. Bom dia!
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