domingo, 24 de fevereiro de 2013

Aprendizado

Olívia de Cássia - jornalista

Mesmo sabendo das dificuldades que eu ia encontrar pela frente na vida, não achava que fosse tão difícil; mas não é fácil a luta para quem não nasceu abastada e tem que sobreviver com muita garra, honestidade e trabalho.

As dificuldades e pelejas do mercado são muitas e desde aquele dia em que eu coloquei um ponto final nas minhas memórias, muita coisa aconteceu na minha vida; foram muitos os caminhos que percorri até aqui.

A morte da minha mãe naquele dezembro me trouxe muita incerteza, inseguranças e um vazio enorme na minha vida. Eu não sabia se ela tinha me perdoado por toda a minha desobediência, por toda aquela minha rebeldia.

Meu relacionamento já estava por um fio e pouco tempo depois também teve um ponto final. Eu que já tinha passado por uma terapia, tomado um monte de remédio para loucos tive que começar a reaprender a viver. Não é fácil, mas se temos força de vontade, apoio dos amigos e disposição para melhorar a gente consegue.

A partir daquele dia eu já não conhecia mais a pessoa com quem convivi durante quase 20 anos e que se tornara um estranho para mim. Uma pessoa fria, calculista, materialista e vazia. Não foi por aquele homem que eu havia mudado o rumo da minha vida, sacrificado algumas chances de crescer e entregado toda a minha vida, de corpo e alma.

A gente convive tanto tempo com o outro e não conhece ninguém. O ser humano é um mistério que eu busco entender todo dia. Por causa de interesses materiais as pessoas se transformam se tornam egoístas, se acham os donos da verdade e desprezam seus aliados e com quem convive.

Fui vítima dessa situação e hoje eu avalio com mais maturidade que a ingenuidade e o erro partiram de mim, que depositei toda a minha expectativa de vida em uma pessoa quando deveria ter procurado crescer e me aprofundar nas questões práticas da vida.

Por causa do meu lado utópico e sonhador eu fui alimentando sonhos de transformar o outro numa pessoa que ele não era e que jamais alcançaria ser. Talvez o meu cérebro tenha ficado atrofiado ou anestesiado para essas questões de sentimento.

Eu nunca fui de me ligar muito nas coisas da vida que eu ouvia e já sabia por meio dos livros. Vivia alimentada pelo meu sonho de ser jornalista e a vida sentimental era apenas um complemento daquela minha vida que eu fui levando, achando que estava sendo e fazendo a outra pessoa feliz.

Não entendia que estava vivendo com um homem eternamente insatisfeito, que não se contentava em ter apenas uma mulher e queria usufruir todas sem pensar nas consequências que viriam depois. Esse lado da vida eu conhecia nos livros que eu lia e nas histórias que escutava por aí afora, mas eu não absorvia nunca que aquilo ia acontecer comigo um dia. 

Diante de uma situação vexatória passada por ele eu fui parceira e mesmo sofrendo com a infidelidade, fiquei solidária, ajudei-o a superar aquilo, me tornei cúmplice de um erro estúpido e perdoei. O envolvimento com mulheres comprometidas foi algo que fiquei sabendo depois e aquilo me magoou bastante.

É muito duro a gente admitir uma derrota, mas quando a gente se fortalece diante do caos se torna mais segura. Eu procurei na psicologia e na sociologia todas as explicações para aquela situação vivida e para todas as que surgem atualmente ainda.

Não é fácil ser sozinha, surge todo o tipo de dificuldade e impedimentos, ainda mais quando a gente tem limitações de saúde. Dizem que o amor não prospera em um coração cheio de sombras e aquele deve ser desse tipo.

Até hoje eu procuro explicações para tudo aquilo, mas agora eu avalio que não vale mais a pena todo aquele sofrimento que eu vivi por conta de uma pessoa que não se importava comigo e queria apenas usufruir de alguma vantagem material que eu pudesse lhe proporcionar e depois avaliou que não tinha mais nada que pudesse lhe dar  lucros e dividendos, já que tinha sugado tudo o que eu tinha de melhor na vida.

São esses pensamentos que me vêm agora, nesse fim de domingo e  espero que logo se dispersem e me deixem ser feliz no meu trabalho e na vida. Boa semana e fiquem com Deus. 

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