Mesmo sabendo das dificuldades que eu ia encontrar pela
frente na vida, não achava que fosse tão difícil; mas não é fácil a luta para
quem não nasceu abastada e tem que sobreviver com muita garra, honestidade e trabalho.
As dificuldades e pelejas do mercado são muitas
e desde aquele dia em que eu coloquei um ponto final nas minhas memórias, muita
coisa aconteceu na minha vida; foram muitos os caminhos que percorri até aqui.
A morte da minha mãe naquele dezembro me trouxe muita
incerteza, inseguranças e um vazio enorme na minha vida. Eu não sabia se ela
tinha me perdoado por toda a minha desobediência, por toda aquela minha
rebeldia.
Meu relacionamento já estava por um fio e pouco tempo depois
também teve um ponto final. Eu que já tinha passado por uma terapia, tomado um
monte de remédio para loucos tive que começar a reaprender a viver. Não é fácil, mas se temos força de vontade, apoio dos amigos e disposição para melhorar a gente consegue.
A partir daquele dia eu já não conhecia mais a pessoa com
quem convivi durante quase 20 anos e que se tornara um estranho para mim. Uma
pessoa fria, calculista, materialista e vazia. Não foi por aquele homem que eu
havia mudado o rumo da minha vida, sacrificado algumas chances de crescer e
entregado toda a minha vida, de corpo e alma.
A gente convive tanto tempo com o outro e não conhece ninguém. O ser
humano é um mistério que eu busco entender todo dia. Por causa de interesses
materiais as pessoas se transformam se tornam egoístas, se acham os donos da
verdade e desprezam seus aliados e com quem convive.
Fui vítima dessa
situação e hoje eu avalio com mais maturidade que a ingenuidade e o erro
partiram de mim, que depositei toda a minha expectativa de vida em uma pessoa
quando deveria ter procurado crescer e me aprofundar nas questões práticas da
vida.
Por causa do meu lado utópico e sonhador eu fui alimentando
sonhos de transformar o outro numa pessoa que ele não era e que jamais
alcançaria ser. Talvez o meu cérebro tenha ficado atrofiado ou anestesiado para
essas questões de sentimento.
Eu nunca fui de me ligar muito nas coisas da vida que eu ouvia e já
sabia por meio dos livros. Vivia alimentada pelo meu sonho de ser jornalista e
a vida sentimental era apenas um complemento daquela minha vida que eu fui
levando, achando que estava sendo e fazendo a outra pessoa feliz.
Não entendia que estava vivendo com um homem eternamente
insatisfeito, que não se contentava em ter apenas uma mulher e queria usufruir
todas sem pensar nas consequências que viriam depois. Esse lado da vida eu conhecia nos livros que eu lia e nas
histórias que escutava por aí afora, mas eu não absorvia nunca que aquilo ia
acontecer comigo um dia.
Diante de uma situação vexatória passada por ele eu
fui parceira e mesmo sofrendo com a infidelidade, fiquei solidária, ajudei-o a
superar aquilo, me tornei cúmplice de um erro estúpido e perdoei. O envolvimento com mulheres comprometidas foi algo que fiquei
sabendo depois e aquilo me magoou bastante.
É muito duro a gente admitir uma derrota, mas quando a gente
se fortalece diante do caos se torna mais segura. Eu procurei na psicologia e
na sociologia todas as explicações para aquela situação vivida e para todas as
que surgem atualmente ainda.
Não é fácil ser sozinha, surge todo o tipo de dificuldade e
impedimentos, ainda mais quando a gente tem limitações de saúde. Dizem que o
amor não prospera em um coração cheio de sombras e aquele deve ser desse tipo.
Até hoje eu procuro explicações para tudo aquilo, mas agora eu avalio que não vale mais a pena todo aquele sofrimento que eu vivi por
conta de uma pessoa que não se importava comigo e queria apenas usufruir de
alguma vantagem material que eu pudesse lhe proporcionar e depois avaliou que não tinha mais nada que
pudesse lhe dar lucros e dividendos, já
que tinha sugado tudo o que eu tinha de
melhor na vida.
São esses pensamentos que me vêm agora, nesse fim de domingo e espero que logo se dispersem e me deixem ser feliz no meu trabalho e na
vida. Boa semana e fiquem com Deus.
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