terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Terça-feira de Carnaval!

Olívia de Cassia - jornalista

Terça-feira de Carnaval e, na falta do que fazer referente aos festejos de Momo, além da internet aproveito para colocar a minha leitura em dia. A biografia do roqueiro Lobão é interessante, gosto de ler biografias, ainda mais sendo de uma pessoa irreverente assim.

No livro o compositor-cantor-roqueiro se desnuda e mostra como conheceu os artistas contemporâneos, inclusive Caetano, Cazuza e Chico e seus entreveros com Herbert Viana, da banda Paralamas do Sucesso. As biografias me atraem e me chamam atenção.

Mas deixando a interessante história de Lobão de lado, cá estou eu, em plena terça-feira de Carnaval, em casa, em Maceió, sem nada que me lembre de que hoje é o último dia dos festejos de Momo, a não ser o som da televisão anunciando as notas das escolas de samba do Carnaval de São Paulo.

Para completar meu complicado enredo, minha televisão está pifada desde outubro, sem imagem, apenas o som me tira do silêncio total. Coisas da minha vida atribulada e da minha crise financeira sem precedentes. Mas não posso reclamar da vida, faz parte da trama.

Nesse meu retiro forçado só resta a lembrança dos bons carnavais vividos, desde a infância, na minha querida União dos Palmares  e das experiências adquiridas com o tudo vivido. A gente nem podia imaginar que um dia eu ia ficar sem brincar Carnaval algum ano.

Eu era figurinha carimbada nos carnavais da Palmarina, ou nas brincadeiras durante o dia, as que antecediam nossos bailes de matinês e noturnos.

O tempo vai passando e a gente vai amadurecendo e aprendendo a viver com as adversidades e impedimentos que a vida nos traz. Em outros tempos infantes eu estaria esperneando e explodindo de raiva do mundo e mal dizendo da minha sorte.

Hoje em dia, graças a Deus e para o bem da minha saúde psicológica, já adotei uma postura amadurecida e diferente a respeito de tudo isso. Não vai mudar minha condição de vida se eu esbravejar contra o mundo pela minha falta de estrutura; pelo contrário, isso só faria mal ao meu espírito.

Quando a gente não tinha o que fazer no Carnaval, em União dos Palmares, saía batendo lata, cantando em grupo e nos divertindo com nossa falta do quê fazer, ou pegávamos carona e rumávamos para a vizinha São José da Laje, muitas vezes sem avisar em casa e quando chegávamos a confusão estava feita.

Éramos os jovens  ‘livres’  de amarras,  ou pelo menos queríamos ser. Não aceitávamos aquelas imposições que o sistema (nossos pais e os moradores da cidade) apresentava e quanto mais falavam de nós, aí era que queríamos nos rebelar e fazer traquinagens para dar mais motivos para falações.

Muitas vezes era só falácia nossa, para dar o que falar mesmo. Era um mundo nosso que a gente percebia que causava inquietação na sociedade local. Aquele nosso jeito irreverente e estabanado de ser, sempre fazendo as nossas ‘artes’ preferidas, sem nos importar com o que diziam de nós incomodava a muita gente.

Eu sinto muito a falta de tudo aquilo, da nossa juventude inquieta, da nossa solidariedade, da nossa união e da nossa intranquilidade e irreverência diante do mundo. Ai de quem ousasse nos contrariar, que aí sim, resolvíamos enfrentar aquilo tudo.

Eu costumo e posso dizer que fui uma adolescente rebelde, ‘revolucionária’ para minha época e desafiei os costumes. Era muito para a cabeça da minha saudosa mãezinha, que não entendia aquela menina esquisita que o povo falava tão mal.

Mas hoje é terça-feira de Carnaval, as lembranças são fortes  e os festejos de Momo se despedem, mais uma vez. Quem sabe ano que vem seja de mais cultura, mais atividades e mais vida. Espero ainda estar por aqui para viver muito mais. Boa tarde!

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