Terça-feira de Carnaval e, na falta do que fazer referente
aos festejos de Momo, além da internet aproveito para colocar a minha leitura
em dia. A biografia do roqueiro Lobão é interessante, gosto de ler biografias,
ainda mais sendo de uma pessoa irreverente assim.
No livro o compositor-cantor-roqueiro se desnuda e mostra
como conheceu os artistas contemporâneos, inclusive Caetano, Cazuza e Chico e
seus entreveros com Herbert Viana, da banda Paralamas do Sucesso. As biografias
me atraem e me chamam atenção.
Mas deixando a interessante história de Lobão de lado, cá
estou eu, em plena terça-feira de Carnaval, em casa, em Maceió, sem nada que me
lembre de que hoje é o último dia dos festejos de Momo, a não ser o som da
televisão anunciando as notas das escolas de samba do Carnaval de São Paulo.
Para completar meu complicado enredo, minha televisão está
pifada desde outubro, sem imagem, apenas o som me tira do silêncio total.
Coisas da minha vida atribulada e da minha crise financeira sem precedentes. Mas
não posso reclamar da vida, faz parte da trama.
Nesse meu retiro forçado só resta a lembrança dos bons
carnavais vividos, desde a infância, na minha querida União dos Palmares e das experiências adquiridas com o tudo
vivido. A gente nem podia imaginar que um dia eu ia ficar sem brincar Carnaval
algum ano.
Eu era figurinha carimbada nos carnavais da Palmarina, ou
nas brincadeiras durante o dia, as que antecediam nossos bailes de matinês e
noturnos.
O tempo vai passando e a gente vai amadurecendo e aprendendo
a viver com as adversidades e impedimentos que a vida nos traz. Em outros
tempos infantes eu estaria esperneando e explodindo de raiva do mundo e mal
dizendo da minha sorte.
Hoje em dia, graças a Deus e para o bem da minha saúde psicológica,
já adotei uma postura amadurecida e diferente a respeito de tudo isso. Não vai
mudar minha condição de vida se eu esbravejar contra o mundo pela minha falta
de estrutura; pelo contrário, isso só faria mal ao meu espírito.
Quando a gente não tinha o que fazer no Carnaval, em União
dos Palmares, saía batendo lata, cantando em grupo e nos divertindo com nossa
falta do quê fazer, ou pegávamos carona e rumávamos para a vizinha São José da
Laje, muitas vezes sem avisar em casa e quando chegávamos a confusão estava
feita.
Éramos os jovens ‘livres’ de amarras, ou pelo menos queríamos ser. Não aceitávamos
aquelas imposições que o sistema (nossos pais e os moradores da cidade) apresentava
e quanto mais falavam de nós, aí era que queríamos nos rebelar e fazer
traquinagens para dar mais motivos para falações.
Muitas vezes era só falácia nossa, para dar o que falar
mesmo. Era um mundo nosso que a gente percebia que causava inquietação na
sociedade local. Aquele nosso jeito irreverente e estabanado de ser, sempre
fazendo as nossas ‘artes’ preferidas, sem nos importar com o que diziam de nós
incomodava a muita gente.
Eu sinto muito a falta de tudo aquilo, da nossa juventude
inquieta, da nossa solidariedade, da nossa união e da nossa intranquilidade e
irreverência diante do mundo. Ai de quem ousasse nos contrariar, que aí sim,
resolvíamos enfrentar aquilo tudo.
Eu costumo e posso dizer que fui uma adolescente rebelde, ‘revolucionária’
para minha época e desafiei os costumes. Era muito para a cabeça da minha
saudosa mãezinha, que não entendia aquela menina esquisita que o povo falava
tão mal.
Mas hoje é terça-feira de Carnaval, as lembranças são fortes
e os festejos de Momo se despedem, mais
uma vez. Quem sabe ano que vem seja de mais cultura, mais atividades e mais
vida. Espero ainda estar por aqui para viver muito mais. Boa tarde!
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