sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carnaval é coisa séria

Carlito Lima - secretário de Cultura de Marechal Deodoro


MACEIÓ - Acabou-se a maior manifestação cultural de nosso povo. Acabou-se o direito à alegria, o direito à fantasia, o direito aos dias de folia que se chama carnaval.

Alegando que turistas ocupam os hotéis por não ter carnaval, simplesmente extinguiram o carnaval em Maceió.  Inventaram esse argumento esdrúxulo, equivocado, uma violência contra a população, contrariando o “Estatuto dos Direitos Fundamentais do Homem” em seu art. VII: “Fica estabelecido que a alegria seja uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.” Em Maceió cassaram o Rei Momo. Roubaram a alma do povo.

Durante o último carnaval fiz uma pesquisa aleatória perguntando a um e outro turista se tinha vindo a Maceió pelo fato de não haver carnaval na cidade. Todos responderam, vieram pelas lindas praias, gostariam até de olhar algum movimento do carnaval. O turista vem à Maceió pela beleza da cidade tenha ou não carnaval. A cidade deserta, os restaurantes vazios, os ambulantes não venderam sequer para pagar o gelo.

O carnaval em Maceió começava 15 dias antes com a Maratona Carnavalesca todas as noites na Rua do Comércio, orquestras de frevo em cada esquina, o corso com carros abertos, a moçada caía no passo. 

Domingo antes do carnaval, o banho de mar à fantasia animado com blocos de frevo, fantasias, troças e críticas. No sábado de Zé Pereira o belo desfile das Escolas de Samba. Todas as noites no Comercio o frevo alegrava os corações dos foliões, as festas nos clubes só terminavam com um mergulho no mar ao som do Vassourinhas e o sol raiando.

Na verdade, os coveiros do carnaval de Maceió estão se lixando para o povo. A elite egoísta pensa que Maceió é a Ponta Verde. Eles brincam o carnaval em suas mansões na Barra de São Miguel, no Recife, Salvador ou Rio. É de fazer chorar ver nossa bela cidade abandonada pela população, deserta durante o carnaval, sem blocos de frevos nas ruas, sem batidas de bombo, ninguém passa mais sorrindo e cantando cantigas de amor.

Fiz parte de uma reunião do grupo, “Maceió que nós queremos”, tratando do carnaval como coisa séria, cultura popular. Entre os participantes liderados pelo sociólogo Edson Bezerra estavam mais de 20 artistas, intelectuais, políticos, como Heloísa Helena, Ticianeli. Reunião proveitosa o grupo pode contribuir muito para que o prefeito Rui Palmeira inicie um bom e necessário projeto de carnaval em Maceió a partir de 2014.

MARECHAL DEODORO

Na primeira capital das Alagoas, Marechal Deodoro, o carnaval foi aberto dia 26 de janeiro pelo Bloco Ninho do Pinto. Com um desfile preliminar sobre as águas da Lagoa Manguaba o Ninho chegou majestosamente em uma comitiva náutica. Ao desembarcar no Sítio Histórico, o prefeito Cristiano Matheus entregou a chave da cidade ao Rei Momo. 

Iniciou um belo desfile pelas ruas estreitas, bucólicas, enladeirada da cidade quatro centenária. Três orquestras de frevo da cidade animaram o desfile retornando para o Cais da Lancha onde a Banda Spock deu um show. Foram oito horas de animação, de muito frevo, não houve uma briga.

Durante o carnaval estão previstas para todas as tardes várias bandas em um palco armado no “Largo do Bem Amado” (aonde foi rodado o filme O Bem Amado) até o final da noite. 40 Blocos de Ruas sairão durante os cinco dias em diversos bairros e povoado do município.

Os turistas brincam, adoram os blocos. Sem esquecer o Bloco dos Garçons a partir das 17 horas na quarta-feira de cinzas saindo da praia do Francês. Carnaval é coisa séria.

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