sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A televisão Brasileira está de luto

Olívia de Cássia – jornalista

A televisão brasileira está de luto: não pela morte de alguma grande estrela, mas pela caída de nível de sua programação, pela falta de seriedade com que vem elaborando seus conteúdos e pela degradação dos valores da família. Nem mesmo as campanhas contra a baixaria nos meios de comunicação têm adiantado muito.

Sem querer ser hipócrita, nem moralista essa semana a polêmica cena do programa Big Brother Brasil de um suposto estupro ao vivo mostrou bem a que patamar está relegada a grade de programação da televisão brasileira, no caso em questão, a da Rede Globo de Televisão, que já foi mais cuidadosa quanto a seus programas, independente da história de seu surgimento.

O caso do Big Brother levou a Polícia Civil do Rio de Janeiro a abrir inquérito para apurar a história, que provocou a expulsão de um integrante do programa envolvido no assunto e muita besteira está sendo publicada na imprensa, desde então. Em minha opinião, a moça também deveria ter saído de cena ou o programa ser tirado do ar.

Tudo aconteceu, segundo o que foi divulgado na imprensa, após uma festa iniciada na noite de sábado, comuns no programa. As câmeras do BBB registraram o integrante do grupo, Daniel, junto com a moça chamada Monique, sob o edredom, em uma cama. Segundo os meios de comunicação eletrônicos, depois que a cena foi ao ar, passou a circular na internet a versão de que Monique sofreu abuso sexual.

A Polícia Civil anunciou que foi aberto um registro de ocorrência para investigar as circunstâncias de suposto abuso e o delegado foi ao Projac buscar informações. Na segunda-feira à noite, a Central Globo de Comunicação informou que o rapaz foi eliminado por ter infringido as regras do programa, mas não especificou que regras são essas.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) enviou ofício ao Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro solicitando a tomada de “providências cabíveis” no caso. Segundo a entidade, o ofício foi elaborado com base em demandas encaminhadas por cidadãs de várias cidades à Ouvidoria da SPM, pedindo providências.

O que a gente percebe nesse caso e em muitos outros programas da televisão é que a cada dia cai a qualidade da programação, não só da emissora da família Marinho, mas das redes em geral. É ‘pegadinha’ grosseira, sexo ao vivo, cenas de violência, palavras de baixo calão, nudez, falta de caráter e discriminação nas novelas.

Os jovens não têm o quê aprender nesses casos. Em 2009, a Coordenação Executiva da campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” divulgou o 16º Ranking da Baixaria na TV, em audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Segundo a entidade, de 2008 a 2009 foram recebidas 874 denúncias de telespectadores no site da campanha (www.eticanatv.org.br) e do Disque Câmara.

Sobre a questão da baixaria do Big Brother, o Ministério das Comunicações se manifestou, na quarta-feira, 18. Em comunicado oficial, a instituição informou que vai identificar por meio das imagens se a TV Globo realmente exibiu um suposto estupro dentro do programa.

E se caso forem provadas que as imagens “causaram constrangimentos” ao telespectador, o Ministério observou que vai instaurar um processo cujas sanções incluem multa e interrupção dos serviços da emissora.

O certo é que alguma coisa tem que ser feita de imediato para conter tanto baixo nível. Se for tirado do ar o programa a ação trará um grande benefício aos telespectadores, não se perde nada com isso, pelo contrário. Pelo menos isso vai servir para que de agora em diante as emissoras e meios de comunicação repensem seus programas e seus conteúdos.

Um comentário:

Ladorvane Cabral disse...

O apresentador:"O Daniel foi eliminado porque infrigiu a regra do jogo!" E só infrigiu isso!!!???

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