domingo, 29 de janeiro de 2012
Mais um fim de semana violento em Maceió
Olívia de Cássia – jornalista
Nem bem eu cheguei para o plantão deste sábado, 28, à tarde no portal Tribuna Hoje e já tinha ocorrências de três homicídios no sábado. Um no Santos Dumont, outro no Jacintinho e o terceiro em Cruz das Almas.
O crime do Jacintinho foi de um rapaz de nome Cristoferson Rarbel Araújo dos Santos, 24 anos, crime ocorrido na Travessa Triunfo e a polícia não tinha muitos detalhes a respeito do ocorrido. Quando chegamos à rua indicada, o rabecão do IML já ia saindo com o corpo e os moradores do local não sabiam quem tinha assassinado o rapaz e nem as motivações do crime.
Em Cruz das Almas, na Rua Novo Horizonte, por trás do Conjunto Dom Adelmo Machado, a vítima foi Hildebrando Conceição Júnior, 22 anos, morto com dois tiros à queima roupa.
Testemunhas que estavam no local disseram aos soldados da Ronda Cidadã que ele foi perseguido na rua por outro homem que deu o primeiro tiro no peito da vítima. Para se proteger, o jovem entrou numa pequena quitanda da rua e levou o segundo tiro, na cabeça.
O corpo ainda estava no local, os policiais estavam aguardando, à espera do Instituto de criminalística (IC) e do rabecão do Instituto Médico Legal Estácio de Lima (IML), que teve muito trabalho neste sábado.
Muita gente aglomerada no local onde o corpo de Hildebrando estava, envolto em um plástico. A rua é de difícil acesso, um dos policiais dando bronca nos curiosos e mandando que se afastassem; mas não tinha jeito: quanto mais ele falava para que saíssem dali, mais gente chegava, curiosa para ver o corpo.
Cabisbaixo, o pai do rapaz, seu Hidelbrando, chegou ao local e disse apenas que eu falasse com a mãe de Júnior, dona Lindalva: me disse que não morava com eles e que não queria falar.
Dona Lindalva, desde o momento em que chegou ao local, se atirou em cima do corpo do filho, desesperada. Não tinha como eu falar com aquela mãe sofrida que apenas repetia frases desconexas, pedindo ao filho para levantar.
Ela chegou a deitar perto do corpo de Hildebrando, ficou suja do sangue que escorria do corpo do rapaz. Uma cena comovente, que me deixou com dor de cabeça quando eu saí do local, com dificuldade, pois além das muitas pessoas, o terreno não ajudava e minhas pernas emperravam mais. Não dá para a reportagem chegar nesses locais sem policiais, é insalubre demais e temeroso.
Hildebrando morava na Grota do Rafael, mas não se sabe o motivo de estar ali, na Novo Horizonte. Pensou que se refugiando no pequeno estabelecimento comercial, pudesse se livrar da morte. Se enganou.
A polícia cidadã disse que não tinha mais detalhes, não sabia dizer se o rapaz tinha rixas ou dívidas de drogas. Uma pista foi uma fala de dona Lindalva que disse: “Eu tanto que lhe aconselhei meu filho!”, dando a entender que Júnior pudesse ter más companhias, ou estivesse fazendo algo de errado.
Fui adiante fazer levantamento no IML e na Central de Polícia. No IML eles ainda não tinham em mãos os dados do crime do bairro Santos Dumont, mas o escrivão de plantão, seu Raí, estava apostos, esperando mais corpos.
LEI MARIA DA PENHA
Na Central de Polícia, duas ocorrências: uma enquadrada na Lei Maria da Penha e outra uma tentativa de roubo em uma das unidades do Cesmac.
O caso referente à Lei Maria da Penha foi uma ameaça de morte. Ivanildo Francisco da Silva ameaçou de morte a ex-esposa Maria Damiana Paulo, que reside no Conjunto Lenita Vilela, no Trapiche.
Ela me disse que está separada de Ivanildo há um ano e seis meses, mas que ele não se conforma com o fim do relacionamento e teria feito várias ameaças para ela. Damiana já está em outro relacionamento, e tem uma filha recém-nascida, que Ivanildo quis registrar como se fosse dele.
Com o ex-marido Damiana tem uma filha de 13 anos, mas disse que nem isso ele considera. A jovem observa que já tentou fazer um acordo com o ex-marido, deu um quartinho para ele morar, mas ele não aceita e quer voltar a morar com ela de qualquer jeito.
“Eu tenho dois barracos e dei um para que ele morasse; ele levou tudo e fica nas esquinas me vigiando. Tenho medo, tenho uma filha recém-nascida que precisa de vacinas e não posso sair de casa, com ele me perseguindo. Eu não queria isso (a prisão de Ivanildo)”, disse Damiana Paulo.
Damiana explicou que por conta dessas ameaças do ex-marido fez a denúncia para a polícia. "Ele ameaçou me matar, disse que queria me ver debaixo da terra se eu não voltar para ele e que se não me matasse ia mandar um maloqueiro fazê-lo, por isso chamei a polícia; ele chegou a fazer as ameaças na frente do policial”, disse ela.
Ivanildo foi encaminhado para a Central de Polícia, mas irá para o presídio e vai responder pela lei Maria da Penha. Uma dúvida que sempre me vem à cabeça nesses casos. Quando esse senhor for solto, pois sempre aparece um advogado para defender, como fica a questão da segurança da moça, já que ela não tem posses. Um caso para ser pensado.
A tentativa de assalto no Cesmac foi de Rubens Oliveira dos Santos, conhecido como “Pareia". Ele foi detido pela segurança da faculdade e em seguida encaminhado para a Casa de Custódia, no Jacintinho. Ufa! Foi um plantão movimentado e vou já dormir que amanhã viajo para União dos Palmares, para a festa der Santa Maria Madalena, para aliviar um pouco a tensão de hoje. Até mais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Aqui dentro tudo é igual
Olívia de Cássia Cerqueira Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...
-
Foto Inteligência artificial Olívia de Cássia Cerqueira (29-09-2024) Quando meus pais morreram, vi meu mundo cair: papai três antes que ...
-
Olívia de Cássia Correia de Cerqueira Jornalista aposenta Revisitando minhas leituras, relendo alguns textos antigos e tentando me con...
-
Olívia de Cássia Cerqueira – Jornalista aposentada (foto Inteligência artificial) Este texto eu escrevi em 1º de setembro de 2009 ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário