segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Dia de Finados
Olívia de Cássia – jornalista
Tradicionalmente, desde o início dos tempos, que o dia 2 de novembro é a data comemorativa para a gente reverenciar os mortos. O Dia de Finados também é conhecido como o Dia do Amor. Lembro que essa data, quando eu era criança, era uma data triste. Eu ia com minha mãe ao Cemitério Público de União dos Palmares para visitar os túmulos dos familiares e pessoas amigas.
Levávamos flores, velas para serem acesas e fazíamos muitas orações. Ficávamos ali por algumas horas, lembrando daquelas pessoas, do que fizeram na vida, do quanto foram importantes para os familiares, rezávamos ou nos comovíamos de saudade e saímos dali mais tristes, com certeza.
Atualmente, já não se comemora a data como antigamente. Além da visita aos cemitérios e as missas que são celebradas em homenagem aos entes queridos que já se foram, tem parques santos, do estilo Parque das Flores, que as administrações procuram levar alegria para os familiares durante todo o dia nesses locais; até shows musicais são promovidos, numa forma mais descontraída de se comemorar a data.
Antigamente não se permitia isso, era um dia de pesar, uma data muito fechada. A gente nem podia expressar alegria, se a tivesse, pois a educação que recebíamos era para passar o dia triste, semelhante à Sexta-feira Santa. Hoje em dia eu já não freqüento tanto esse local desde que vim morar na capital e só vou quando tenho que cumprir o dever cristão de acompanhar algum sepultamento.
Sempre que lembro de alguém querido que já se foi eu tento fazer uma oração do meu jeito e pedir a Deus para guardar e colocá-los em um bom lugar da eternidade. Teve uma fase em minha vida, quando eu tinha meus quinze anos e perdi meus avós e minha prima Sônia Paes de acidente, tudo no mesmo ano, eu ia ao cemitério de União dos Palmares com muita frequência.
Ficava no local por horas e horas, mesmo não sendo época de Finados. A sensação que eu tinha era a de carregar o mundo nas costas tal era a minha tristeza, talvez provocada pela minha então religiosidade. Da mesma forma que fui uma adolescente muito problemática e perdi muitos entes queridos ainda muito cedo, costumava permanecer no local por muito tempo.
Chorava muito e digamos que desabafava minhas mágoas na esperança que os familiares já falecidos pudessem me dar um pouco de conforto diante daqueles sentimentos confusos de adolescente, tão pesados para uma menina de quinze anos. Muitos entes queridos já se foram ao longo da minha vida. Meus pais, meus avós, primos, amigos queridos, pessoas da vizinhança por quem conservamos muito carinho e a quem quero homenagear nesse dia e dizer do meu afeto. Fiquem com Deus.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Aqui dentro tudo é igual
Olívia de Cássia Cerqueira Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...
-
Foto Inteligência artificial Olívia de Cássia Cerqueira (29-09-2024) Quando meus pais morreram, vi meu mundo cair: papai três antes que ...
-
Olívia de Cássia Correia de Cerqueira Jornalista aposenta Revisitando minhas leituras, relendo alguns textos antigos e tentando me con...
-
Olívia de Cássia Cerqueira – Jornalista aposentada (foto Inteligência artificial) Este texto eu escrevi em 1º de setembro de 2009 ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário