sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Primeira juíza negra ministrará palestra contra o racismo
por TJ/AL - Ascom
A trajetória de vida da juíza baiana Luislinda Valois, primeira mulher negra a exercer o cargo de magistrada e proferir uma sentença contra o racismo no Brasil, será destaque da palestra "A Mulher Negra nos Três Poderes da República". O evento, que faz parte da Semana Esmal da Consciência Negra, será realizado na próxima quarta-feira (17), às 19h na Escola da Magistratura.
A magistrada baiana irá falar para um público de estudantes e convidados, destacando conquistas e avanços das mulheres afrodescendentes no país. Após a palestra o público poderá conferir o show da cantora alagoana Roberta Aureliano.
Sobre o Prêmio Claudia 2010
Principal premiação voltada para a mulher brasileira, o Prêmio Claudia 2010 foi entregue na última sexta-feira (05), na Sala São Paulo. A cerimônia homenageou mulheres que, nas mais diversas áreas, fizeram a diferença tentando construir um país melhor. Luislinda Valois foi vencedora na categoria Políticas Públicas.
Quinze finalistas, divididas em cinco categorias (Ciências, Negócios, Trabalho Social, Políticas Públicas e Cultura) destacaram-se por suas histórias únicas de superação e pelo desejo em comum de transformar a realidade de suas comunidades.
Primeira juíza negra do Brasil
Aos 9 anos, a menina negra, de origem humilde, ouviu de um professor: "Se você não tem dinheiro para comprar o material escolar, pare de estudar e vá cozinhar feijoada na casa de branco". Luislinda Valois deixou a sala de aula chorando, envergonhada. Valente, tomou coragem e retornou falando: "Não vou parar. Vou estudar para ser juíza e prender o senhor".
O trauma infantil despertou o furor, que fez dessa soteropolitana, de 68 anos, uma profissional ávida por justiça. Primeira juíza negra e primeira profissional da área a proferir uma sentença contra o racismo no Brasil, Luislinda trabalhou no interior baiano até ser promovida, em 1993, para Salvador. Combater o racismo dentro e fora da magistratura e tornar a Justiça acessível a todos são seus desafios constantes.
Ela reativou dezenas de Juizados Especiais em municípios da Bahia e criou e instalou a Justiça Itinerante, sala de audiência dentro de um ônibus que atende os bairros carentes de Salvador e Feira de Santana, e o Juizado Itinerante Marítimo, que conduz profissionais até as ilhas da Bahia. Coordenou ainda o Balcão de Justiça e Cidadania e levou a lei às comunidades quilombolas e aos índios. Nas horas livres, Luislinda dá palestras em escolas públicas para que os jovens conheçam seus direitos e deveres.
O Programa Justiça, Escola e Cidadania, idealizado por ela, atingiu mais de 5 mil estudantes. Sua militância também se estende à escrita: publicou o livro O Negro no Século XXI, uma reflexão sobre a participação dos afrodescendentes na sociedade atual.
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