domingo, 28 de março de 2010



Zumbi: Mito e Realidade

Olívia de Cássia – jornalista
(Texto e fotos)

Para a maioria do povo afro, dos movimentos sociais e do movimento negro mundial, incontestavelmente, a figura do líder negro Zumbi dos Palmares, o herói que formou um exército de mais de 30 mil homens na Serra da Barriga, a cinco quilômetros da cidade de União dos Palmares, é o principal símbolo de resistência e liberdade do país.
Mas para os moradores da Serra, diferente do que diz a história, Zumbi não simboliza isso. Foi o que constatou a professora Rosa Lúcia Correia, relações públicas e professora da Faculdade Integrada Tiradentes - Fits.
Rosa Lúcia Correia ensina nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda da Fits, em Maceió e fez sua dissertação de mestrado com a temática Zumbi dos Palmares e a Serra da Barriga”. No trabalho, a professora Rosa aborda a influência do mito de Zumbi na manutenção do território da Serra da Barriga.
Para colher dados que substanciasse seu texto, ela fez seu trabalho de campo no local, durante dois anos e meio, e diz que dormia no posto da guarda, no período de 2002 a 2005. Rosa conta que entrevistou todos os moradores da área tombada pelo governo federal e algumas famílias fora desse trecho, para entender a percepção que eles têm do mito de Zumbi na vida deles.
“Foi possível perceber que a maioria vive na miséria e na época do meu trabalho de campo estavam fora dos projetos do governo, depois que saí de lá foi que começaram a fazer parte desses projetos”, observa a professora.
Ela diz que desde que esses sitiantes “perderam e foi diminuída a área de plantação deles e houve um conflito com os grandes proprietários, com o governo municipal e com o governo federal, que hoje administra a Serra”, observa a professora.
Rosa destaca que no entendimento dos moradores da área tombada pelo governo federal, Zumbi foi o culpado de eles terem perdido a área de plantação. “No entendimento desses moradores a história de Zumbi foi uma invenção e em nome de uma história de liberdade se privou a liberdade deles”, diz ela.
Segundo a professora, a única diferença de discurso é dos mais novos, pois eles não acham Zumbi ruim, porque em época de festas na serra eles ganham algum trocado vendendo comida ou bebida, “mas os mais velhos consideram uma invasão de privacidade na serra, na sua área de plantação”, explica.
Outra reclamação dos moradores da Serra da Barriga, segundo a professora Rosa, é que em época da festa do Dia da Consciência Negra há depredação na sua plantação.
Este ano a professora Rosa finaliza sua tese de doutorado e abordará outra vertente do seu estudo de caso: ela diz que de vez em quando volta à Serra da Barriga e abordará em sua tese de doutorado, “Como a história de Zumbi dos Palmares se transformou num mito nacional de matriz afro-brasileira”, finaliza.

Um comentário:

Xanda disse...

MUITO INTERESSANTE ESTA PESQUISA QUE A ROSA FEZ!
ALIÁS, ROSA FOI MINHA PROFESSORA E ADMIRO MUITO SUA DEDICAÇÃO.
PARABÉNS ROSILDA!

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