Salve as mulheres!
Olívia de Cássia Correia de Cerqueira-jornalista
Na segunda-feira, 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma data especial para todas nós, estabelecida para homenagear trabalhadoras de uma fábrica que foram mortas, em 1857, dentro da empresa quando reivindicavam melhorias de condições de trabalho e redução de carga horária para suas funções, em Nova York. Dessa época para cá o mundo mudou.
As mulheres em vários países conseguiram muitos avanços em seus direitos sociais e trabalhistas. Elas foram para as ruas lutar e gritar por liberdade, por uma sociedade mais justa e por igualdade de condições com os companheiros homens. Saíram para protestar contra a violência e foram vitoriosas em algumas conquistas sociais, na Constituição de 1988 e mais recentemente com a Lei Maria da Penha, ameaçada agora de não ser colocada em prática por algumas autoridades.
As brasileiras, a partir da década de 30, conseguiram o direito de votar e em Alagoas muitas mulheres se destacaram em suas profissões e épocas especificas como: Dandara e Alquatune (no Quilombo dos Palmares), Nise da Silveira (na medicina) Lily Lages (na política), Linda Mascarenhas (no teatro), Maria Mariá (jornalista e professora), Luiza de França e Salomé da Rocha Barros - professoras (essas três últimas em União dos Palmares).
Na Terra da Liberdade, Maria Mariá,com seu jeito irreverente de ser, revolucionou os costumes da épcoa na sociedade local vestindo calças compridas que era uma vestimenta exclusiva para homens. Fazia discursos para os políticos e ocupou cargos de direção no município. Além de Mariá destacam-se ainda as professoras Luiza de França, Salomé da Rocha Barros e outras guerreiras que ficaram no anonimato e que vale a pena resgatar suas histórias de vida.
Essas mulheres populares como as artesãs dona Irinéia e dona Lourdes, a lavadeira Rosara, dona Maria feirante e tantas outras como a minha comadre Maria José, em suas rotinas de vida lutaram e lutam à sua maneira pelo sustento da família e por dignidade de vida. Nasci e morei durante nove anos na Rua da Ponte, quando as mulheres no Brasil começavam a despertar suas consciências.
Segundo os historiadores foi uma época de elegância e a ousadia também imperava. Os movimentos sociais se fortaleciam e as mulheres tiveram participação, embora que de forma moderada, nas passeatas estudantis e por melhoria de vida. Na Rua da Ponte convivi com grandes mulheres e presenciei suas lutas no trabalho diário, no cuidado da casa e da família.
Tenho como exemplos de vida minha própria mãe, uma guerreira incansável pela dignidade da família, e minha tia Osória Paes de Freitas, com quem me pareço fisicamente e interiormente, segundo dizem algumas pessoas. Minha tia Osória Paes era a minha segunda mãe, com quem convivi muito de perto e entabulava conversas e confidências, já na fase adulta.
Minha tia lutou muito para cuidar da filha e sofreu por conta do meu tio que gostava da boemia. Além de trabalhar fora de casa, ela complementava sua renda como costureira. Era muito grata e gostava da professora Maria Mariá, a quem tecia vários elogios e tinha uma grande admiração, pelo jeito independente de ser e pela mulher prestativa que era a jornalista palmarina.
A todas essas mulheres guerreiras e batalhadoras do dia-a-dia, que foram e que são referência e símbolo de luta e fé, eu quero me solidarizar e desejar dia melhores. Salve as mulheres brasileiras, alagoanas e palmarinas.
quinta-feira, 4 de março de 2010
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