Olívia de Cássia – jornalista
Em pleno século XXI, quando o mundo vive a era da
modernidade, o ser humano volta à barbárie e comete todo tipo de desatino no que
se refere a atos de violência contra a mulher. Parece que um vírus que se
multiplica no País e no mundo, com o passar dos dias, envenenando e deixando
cicatrizes profundas nas famílias.
E por mais que a gente fale cotidianamente que está faltando
gentileza, respeito e educação, exemplos diários não nos faltam para perceber
que é preciso um investimento maior em
políticas públicas que possam diminuir os índices tão alarmantes que são
divulgados todos os dias na imprensa.
Segundo estudiosos, as primeiras manifestações de violência
contra a mulher são observados no lar: são os xingamentos, um beliscão, um
empurrão. “Logo a mulher é impedida de trabalhar ou de usar aquela blusa
decotada que tanto gosta. Até mesmo a família não pode mais visitar”, observam.
Comportamentos assim, que impedem a liberdade do outro só
podem ser atribuídos a homens doentes e mentalmente perturbados. Muitas
mulheres terminam cedendo aos apelos machistas, na esperança de viverem em
harmonia com seus companheiros, mas se enganam que eles possam mudar de
atitudes.
Aos poucos elas vão perdendo amizades, liberdade, a
identidade, o direito ao próprio corpo, e, como em muitas histórias, chegam a
perder até a vida. Estava vendo hoje, antes de escrever o texto, uma postagem
na rede social onde um companheiro revoltado porque descobriu que o filho que a
mulher teve não era seu, matou a criança e a mulher no banheiro: uma cena
chocante que eu insisto em não ver e não compartilhar.
Segundo um estudo divulgado pela Organização das Nações
Unidas (ONU), o preço que se paga pela violência doméstica é alto demais no
Brasil: em 31 anos (1980 a 2011), 96.612 mulheres foram assassinadas no país –
segundo o Mapa da Violência 2013. O impacto financeiro também é elevado. A
estimativa da ONU é que isso equivale a 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB) –
o equivalente a R$ 508,2 bilhões, em 2013 – ficam comprometidos anualmente.
Esse valor , avaliam, supera o PIB de Minas – R$ 386,2
bilhões –, segundo o último balanço regional do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), referente a 2011.
“O custo é projetado sobre o impacto da violência de gênero
na economia nacional. Isso quer dizer que, ao serem agredidas, as mulheres
recorrem aos serviços de saúde, previdência, faltam ao emprego ou procuram outras
formas de trabalho. Ou seja, há um custo financeiro arcado pelo poder público,
setor privado e pela sociedade”, explica a representante da ONU Mulheres
Brasil, Nadine Gasman.
Os estudos apontam que a impunidade ainda é o principal
desafio para o enfrentamento da violência no Brasil. Sem estrutura nas
delegacias e nas varas de famílias e a consequente punição rápida para os
agressores, o índice de homicídios contra mulheres só aumenta com o passar dos
anos, apesar da Lei Maria da Penha.
Esta semana, a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Piauí,
encaminhou representação requerendo a imediata apuração por parte das
autoridades policiais, por intermédio da Delegacia Especializada, devido à ação
de um homem que agrediu verbalmente três mulheres num drive thru de uma
lanchonete, em Teresina. Uma das vítimas é advogada.
O fato aconteceu na madrugada de domingo (1º), quando um
homem aparentemente alcoolizado agrediu verbalmente três mulheres que se
encontravam em automóvel atrás do seu, com palavras de baixo calão e de cunho
discriminatório de gênero.
Em Minas Gerais, uma mulher de 28 anos foi assassinada pelo
ex-companheiro, de 34, na noite deste sábado (31), no Centro de Chapada Gaúcha
(MG). Segundo as informações da Polícia Militar, após esfaquear o pescoço da
ex-mulher, o homem a arrastou de carro por mais de 20 metros e passou com o
veículo em cima do corpo dela.
Os dois viviam em Arinos (MG) e estavam separados há 10
dias. De acordo com a PM, ele foi até Chapada Gaúcha para tentar reatar o
relacionamento, mas como ela recusou, ele matou a ex-companheira. O casal tinha
dois filhos. São pequenos exemplos
diários que vai nos deixando perplexa a cada acontecimento. Que saibamos semear a paz e o bem no nosso
dia a dia. Boa noite!
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