quinta-feira, 5 de junho de 2014

Violência contra a mulher é volta à barbárie

Olívia de Cássia – jornalista

Em pleno século XXI, quando o mundo vive a era da modernidade, o ser humano volta à barbárie e comete todo tipo de desatino no que se refere a atos de violência contra a mulher. Parece que um vírus que se multiplica no País e no mundo, com o passar dos dias, envenenando e deixando cicatrizes profundas nas famílias.

E por mais que a gente fale cotidianamente que está faltando gentileza, respeito e educação, exemplos diários não nos faltam para perceber que  é preciso um investimento maior em políticas públicas que possam diminuir os índices tão alarmantes que são divulgados todos os dias na imprensa.

Segundo estudiosos, as primeiras manifestações de violência contra a mulher são observados no lar: são os xingamentos, um beliscão, um empurrão. “Logo a mulher é impedida de trabalhar ou de usar aquela blusa decotada que tanto gosta. Até mesmo a família não pode mais visitar”, observam.

Comportamentos assim, que impedem a liberdade do outro só podem ser atribuídos a homens doentes e mentalmente perturbados. Muitas mulheres terminam cedendo aos apelos machistas, na esperança de viverem em harmonia com seus companheiros, mas se enganam que eles possam mudar de atitudes.

Aos poucos elas vão perdendo amizades, liberdade, a identidade, o direito ao próprio corpo, e, como em muitas histórias, chegam a perder até a vida. Estava vendo hoje, antes de escrever o texto, uma postagem na rede social onde um companheiro revoltado porque descobriu que o filho que a mulher teve não era seu, matou a criança e a mulher no banheiro: uma cena chocante que eu insisto em não ver e não compartilhar.

Segundo um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o preço que se paga pela violência doméstica é alto demais no Brasil: em 31 anos (1980 a 2011), 96.612 mulheres foram assassinadas no país – segundo o Mapa da Violência 2013. O impacto financeiro também é elevado. A estimativa da ONU é que isso equivale a 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – o equivalente a R$ 508,2 bilhões, em 2013 – ficam comprometidos anualmente.

Esse valor , avaliam, supera o PIB de Minas – R$ 386,2 bilhões –, segundo o último balanço regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2011.

“O custo é projetado sobre o impacto da violência de gênero na economia nacional. Isso quer dizer que, ao serem agredidas, as mulheres recorrem aos serviços de saúde, previdência, faltam ao emprego ou procuram outras formas de trabalho. Ou seja, há um custo financeiro arcado pelo poder público, setor privado e pela sociedade”, explica a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.

Os estudos apontam que a impunidade ainda é o principal desafio para o enfrentamento da violência no Brasil. Sem estrutura nas delegacias e nas varas de famílias e a consequente punição rápida para os agressores, o índice de homicídios contra mulheres só aumenta com o passar dos anos, apesar da Lei Maria da Penha.

Esta semana, a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Piauí, encaminhou representação requerendo a imediata apuração por parte das autoridades policiais, por intermédio da Delegacia Especializada, devido à ação de um homem que agrediu verbalmente três mulheres num drive thru de uma lanchonete, em Teresina. Uma das vítimas é advogada.

O fato aconteceu na madrugada de domingo (1º), quando um homem aparentemente alcoolizado agrediu verbalmente três mulheres que se encontravam em automóvel atrás do seu, com palavras de baixo calão e de cunho discriminatório de gênero.

Em Minas Gerais, uma mulher de 28 anos foi assassinada pelo ex-companheiro, de 34, na noite deste sábado (31), no Centro de Chapada Gaúcha (MG). Segundo as informações da Polícia Militar, após esfaquear o pescoço da ex-mulher, o homem a arrastou de carro por mais de 20 metros e passou com o veículo em cima do corpo dela.

Os dois viviam em Arinos (MG) e estavam separados há 10 dias. De acordo com a PM, ele foi até Chapada Gaúcha para tentar reatar o relacionamento, mas como ela recusou, ele matou a ex-companheira. O casal tinha dois filhos.  São pequenos exemplos diários que vai nos deixando perplexa a cada acontecimento.  Que saibamos semear a paz e o bem no nosso dia a dia. Boa noite!

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