Olívia de Cássia - jornalista
Festa junina de antigamente tinha pamonha, canjica,
brasileiras, milho assado e muita animação. Era um tempo em que a gente
costumava se reunir e aproveitar o que tinha de melhor. Este ano o São João passou e quase nem lembro
que era dia. Sem fogueiras, sem chuvinhas e sem animação e no trabalho.
No interior os festejos dessa época sempre eram comemorados
com muita alegria. Lá em casa minha mãe se desdobrava entre os afazeres
domésticos corriqueiros e a correria para providenciar o milho e garantir as
pamonhas e as outras comidas típicas, que o meu pai gostava.
Era um clima animado, mas eu fugia das responsabilidades
sempre que podia. Nunca me adaptei às tarefas domésticas, reconheço, e o pouco que fazia não era de muito gosto. Para fazer as
pamonhas minha mãe se valia da ajuda do meu irmão Petrônio José para ajudá-la a
amarrar.
Eu sempre tive minhas falhas também nesse campo e preferia
ler, fazer palavras cruzadas, ou estar na companhia dos amigos, enquanto minha
mãe cuidava com todo o esmero da casa e da nossa alimentação.
Depois que o tempo passa, a gente vai perdendo a família e
com ela as nossas referências. No dia de São João, a única coisa que lembrou
que era festa junina foi a programação da televisão e o noticiário. Afora isso,
cheguei do trabalho, tudo era silêncio na rua onde moro e fui dormir.
Liguei o rádio do celular na Rádio Educativa FM, como faço
todos os dias e ouço gostosas músicas regionais que me reportaram às doces
lembranças da minha infância e juventude em União dos Palmares, quando os
compromissos eram poucos e o divertimento estava sempre presente.
Lembranças da Festa do Milho, Femil, na administração do
primo Afrânio Vergetti, que fez tanto sucesso na região e atraia gente de todo
o canto. Pelo menos os bons forrós me levaram à Praça Basiliano Sarmento e em
pensamentos vou lá, revejo os queridos amigos se divertindo, batendo gostosos
papos e saboreando guloseimas diversas.
E tenho ido mais longe nas minhas lembranças, nos forrós do
Santa Maria Madalena, às nossas quadrilhas estilizadas, as fogueiras na
Barriguda, Rua da Ponte, o forró da Palmarina, e
volto à Praça Basiliano Sarmento.
Músicas de Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Elba Ramalho e
tantos outros bons forrozeiros que animavam a nossa festa. Lembrança dos amigos
que já não estão nesse plano e que tanto apreciavam esses festejos.
Nossa cultura tem muita beleza, nossa região é riquíssima de
valores, da agricultura à culinária e manifestações culturais. É muita fartura
na agricultura nessa época do ano, no Sertão e em outras partes do Estado,
apesar das dificuldades.
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