Foto: Sandro Lima
Olívia
de Cássia – Repórter
As
clínicas populares aparecem no País como uma terceira via ao atendimento de
saúde à população que não tem um plano de saúde e quer fugir da desassistência
no Sistema Único de Saúde (SUS) e também por oferecer preços mais acessíveis à
população.
O sucesso dessas unidades de saúde, que também estão espalhadas por
toda Maceió, principalmente em bairros da periferia, deve-se à alta taxa de
retorno e aos bons serviços oferecidos à população, segundo médicos e
pacientes.
Devido
à lacuna gerada pelo SUS, e com o advento da ascendência das classes sociais C
e D, as clínicas seguem, diariamente, lotadas. Celeridade nos atendimentos e no
resultado dos exames são exemplos de benefícios apontados pelos clientes. Com
preços que variam de R$ 60 a R$ 100, o atendimento nas clínicas populares em
Maceió geralmente é feito de segunda a sexta-feira e a maioria delas se propõe
a oferecer atendimento nas áreas mais diversas como: ginecologia, clínico
geral, psicologia, pediatria, gastro, geriatria e algumas até de odontologia.
Uma
clínica médica popular dá um bom retorno para quem administra: na Clínica
Alerta Médico, uma consulta custa R$ 60, mas algumas especialidades como
neurologista, angiologista e pneumologista (que é
terceirizado) a consulta aumenta para R$ 80, devido a escassez desses
profissionais no Estado, segundo Cristina Calheiros, diretora da unidade.
A
clínica estava de mudança para outro prédio na Avenida da Paz, no dia da visita
da reportagem, mas segundo Cristina Calheiros, em breve estará com todos os
atendimentos em dia. O Alerta Médico atende de 200 a 300 pacientes ao dia e a
margem de movimento é mais pela manhã. As especialidades oferecidas são as mais
diversas.
SERVIÇOS
“Temos
serviços de exames laboratoriais, ultrassom, eletrocardiograma, Raio X,
ginecologista, entre outros. São mais de 50 médicos que temos
disponíveis. Os exames de ultrassom os preços são variáveis, dependendo
da solicitação:”, observa. A clínica também terceirizou um plano de saúde que
custa ao associado R$ 68 com idade de zero a 18 anos, que é a primeira faixa;
conforme a idade vai aumentando o valor também.
Maria
José Oliveira dos Santos tem 29 anos e é paciente do Alerta Médico: disse
que procura o serviço para fugir da demora do atendimento do SUS e também
porque não pode pagar um plano de saúde. Ela conta que foi à procura de uma
ginecologista e em outra oportunidade já se consultou com um clínico geral e
foi bem atendida.
“Já
tem um dois anos que sou paciente daqui: trabalho em uma papelaria no comércio
e ganho pouco mais que o salário mínimo, com as comissões que recebo. Eu não
posso pagar um plano de saúde; o atendimento pelo SUS demora demais e por isso
procurei a clínica e estou satisfeita com o atendimento”, disse Cristina.
Médico Ronaldo Luz. Foto: Adailson Calheiros |
Além
do preço, qualidade no atendimento é um atrativo a mais
O
médico Ronaldo Luz administra um centro de reabilitação na Avenida Maceió, no
bairro do Tabuleiro do Martins, e aparece na comunidade como uma alternativa
positiva. A clínica, visitada em uma quarta-feira pela reportagem da Tribuna Independente, estava
lotada e as atendentes disseram que tem dias que a frequência é muito maior.
Renata
Pereira dos Santos era uma das pessoas que estavam no local aguardando
atendimento pelo médico Ronaldo Luz. Um pouco envergonhada para dar
entrevista e apressada para sair do local, ela confirmou que sempre
procura os serviços da clínica popular porque lá é bem atendida e que está
satisfeita com os serviços oferecidos. “Sempre venho aqui e gosto do
atendimento”, destacou.
Uma
consulta na clínica do médico Ronaldo Luz custa R$ 100 e lá são oferecidas
especialidades em várias áreas médicas como: cardiologia, ginecologia,
obstetrícia, ortopedia, nutricionista, fonoaudiologia, psicologia e a
fisioterapia, que tem convênio com o SUS, às quartas-feiras. O médico conta que
na terça-feira ele dedica o atendimento à comunidade carente da região, “com
atendimento gratuito”, e também faz pequenas cirurgias “a preços bem baratos
com relação ao que é cobrado em hospitais e clínicas particulares”, reforça.
Segundo
Ronaldo Luz, os preços das pequenas cirurgias para a população carente no
Centro de Reabilitação Médica são acessíveis e variam de R$ 100 até R$ 300. O médico,
que é o técnico responsável pela clínica, destaca que de quinze em quinze dias
também faz um trabalho de responsabilidade social, no bairro de Fernão Velho, e
presta atendimento gratuito no Sindicato dos Trabalhadores da extinta fábrica
Carmen.
TRATAMENTO
HUMANIZADO
“Aqui
na clínica não sai ninguém sem ser atendido: eu atendo todos os pacientes;
também atendo no Hospital Santo Antônio e no Alerta Médico, onde uma consulta
varia de R$ 60 a R$ 80 e uma cirurgia de histerectomia ou de vesícula custa mil
reais. Em hospitais de maior porte uma cirurgia desse tipo custa R$ 3 mil”,
explica.
Ele
observa que as clínicas populares oferecem um tratamento humanizado e que o
médico tem que estar registrado no Conselho de Medicina para
exercer a profissão. “O Conselho Federal de Medicina (CRM) fiscaliza o bom
desempenho do médico para que exerça sua função e capacitação; a única
observação que faço é que existe ainda deficiência nos exames de
ultrassonografia e eles devem melhorar a qualidade”, destaca Ronaldo Luz.
Acompanhando
a tendência desse mercado, no bairro do Jacintinho existem várias clínicas no
estilo popular: umas mais simples e outras com mais recursos. Na clínica de
Radiologia Popular, de propriedade de José Petrúcio de Oliveira, só tem clínica
médica, a consulta custa R$ 60 e a maior parte dos serviços oferecidos é de
imagem. O exame de mamografia na clínica de seu Petrúcio Oliveira custa R$ 70 e
a ultrassonografia com alta resolução tem o preço variado: “de 50 a 70 reais,
dependendo da solicitação do médico”, explica.
“Nossa
clínica oferece preços populares, para quem não tem poder aquisito alto;
estamos ampliando os serviços: atualmente oferecemos exames de Raio X,
mamografia de alta resolução, ultrassonografia e o atendimento de um clínico
geral”, explica seu Petrúcio Oliveira, que não é médico mas tem um técnico
responsável. Segundo o proprietário da Clínica Radiológica, diariamente a
unidade de saúde atende de 15 a 20 pessoas. “Já fiz alguns convênios e estou
tentando fazer com o Sistema Único de Saúde (SUS). Nosso movimento é mais pela
manhã e na segunda-feira é sempre lotado”, ressalta.
Em
outra clínica popular que fica no bairro da Santa Amélia, por telefone, a
atendente não quis se identificar, mas disse que uma consulta custa R$ 60
e que a unidade de saúde oferece serviços médicos de clínico geral, pediatra,
gastro, ginecologista, geriatra, dentista e outras especialidades. Além de
consultas médicas, a clínica tem laboratório, ultrassonografia,
eletrocardiograma, eletroencefalograma, colposcopia, entre outros, a preços
populares. Uma ultrassom nessa clínica do bairro da Santa Lúcia custa R$
70 e com cartão de fidelidade baixa para R$ 50. Exames laboratoriais têm
preços de R$ 5 a R$ 15, variáveis. A clínica atende os dois horários, até
as 18h.
RESOLUÇÃO
As
clínicas populares não necessitam obrigatoriamente de registro no Conselho
Regional de Medicina, porque atuam com pessoas físicas, segundo o presidente da
entidade, Fernando Pedrosa. Ele ressalta que o governo federal está alterando a
resolução que normatiza as clínicas populares, até o final do ano, “e quando
isso acontecer o CRM vai fiscalizar, mas isso não quer dizer que estejam
irregulares”, pontuou.
Segundo
Pedrosa, quando a fiscalização for normatizada e se alguma clínica tiver
irregular terá seis meses para se reajustar à lei, “mas não há nada contra as
clínicas populares: elas prestam um bom serviço, importante à população e têm
que ter alvará de funcionamento”, explica. A fiscalização das clínicas
populares é feita pela Vigilância Sanitária Municipal, que expede o Alvará de
Funcionamento, depois de verificar as condições de cada local funcionar,
segundo o diretor Paulo Bezerra .
“Para
uma clínica popular funcionar a contento tem que ter as mínimas condições de
higiene, ter um técnico responsável, estar em dia com as obrigações (com o
CRM); ter licença de localização e tirar a inspeção da Vigilância Sanitária”,
finaliza.
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