quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Os golpes e seus protagonistas...

Olívia de Cássia – jornalista

Nem na igreja, nos dias de hoje, estamos livres de golpistas de plantão. Fui ao comércio para andar um pouco hoje e entrei na Igreja do Livramento, para rezar e fazer minhas orações. Confesso que não tenho muito esse hábito, mas quando dá vontade eu vou à igreja rezar.

Nesse intervalo, aparece um senhor, o tipo é o mesmo: um homem de roupa social, negro, magrinho e baixinho, camisa azul se aproxima de outro, com a mesma conversar que eu já tinha escutado no ponto do ônibus.

Não é uma pessoa aparentemente carente. Ele anda com uma pastinha transparente, como se estivesse resolvendo algum problema de papelada e tem um vocabulário correto, que dá para perceber que não é uma pessoa sem instrução.

O senhor que ele abordou estava fazendo as suas preces do outro lado do banco que eu estava e começou a contar que veio do Pilar resolver uma situação financeira, em Maceió, e que seu cartão ficou preso na máquina do banco e que estaria sem dinheiro para pagar a passagem de volta.

Com uma moeda de um real entre os dedos ele diz que falta dois reais para completar a passagem. O detalhe é que a figura, na semana passada, no ponto de ônibus, arrecadou dinheiro de várias senhoras contando a mesma ladainha.

Quando ele veio me abordar, me disse: “Antes que a senhora comece a fazer suas preces eu queria dar uma palavrinha”. E começou a contar a mesma história até que eu interrompi e disse que já o conhecia do ponto de ônibus e ele, imediatamente, deu a volta e sumiu da igreja.

Eu sei que a situação está difícil, de desemprego e miséria, mas tem gente que não quer trabalhar mais e encontra, agora, nessa facilidade que têm de se comunicarem, um meio de sobrevivência. Pedir na rua virou meio de vida, quando não furtam. Contam uma situação tão convincente, que acabam amolecendo o coração das pessoas.

Na Rua Pedro Monteiro, próxima à minha casa, acontece a mesma coisa: duas mulheres, inclusive uma grávida, fazem o mesmo. A grávida, de vestido vermelho, diz que o marido está internado na Santa Casa e que está precisando de dinheiro para completar a passagem para voltar para casa.

A outra fica do lado do Centro Formador de Recursos Humanos, da Sesau, e diz que veio de Atalaia e que também aconteceu um imprevisto e ficou sem o dinheiro da passagem para voltar para o interior. Pedem o tempo todo, a todo mundo que passa por ali, é irritante.
Já desmascarei as duas mais de uma vez e disse que fossem trabalhar.

Quem circula no Centro de Maceió, diariamente, pode encontrar com essas criaturas por aí. Não dá mais nos dias de hoje para a gente ser solidário e caridoso nesses casos; estou aprendendo. A rotina e essas práticas diárias nos últimos tempos vão nos deixando encaliçados.

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