Olívia de Cássia – jornalista
(Texto e foto)
Desde criança aprendi a gostar de festas, todas elas. Desde a Festa de Santa Maria Madalena, principal festa da minha região, até o Carnaval. Mas Carnaval daqueles que a gente via quando eu era pequena, para a gente fazer o passo na Palmarina, ver os bobos na rua, o corso, charangas, carros alegóricos e muita alegria nas fantasias, nas músicas como os frevos, sambas, marchinhas e cirandas, entre outras tantas.
O Carnaval é uma das que festas que eu mais gosto, é uma explosão de alegria e como a própria tradição já diz, é festa para a gente se despojar de tudo, esquecer os problemas, as tristezas e viver por quatro dias as nossas fantasias de mundo ideal. Um mundo sem preconceitos, de muita festa e alegria.
Quando eu era criança, foi a minha tia Osória Paes, irmã mais nova da minha mãe, quem me iniciou na folia de Momo, em União dos Palmares. Ela arregimentava e convidava grupos de meninas, costurava as fantasias da gente, nos arrumava e nos deixava a caráter para pular muito frevo nas matinês do clube.
Além disso, ela sempre nos acompanhava nas festas; era muito alegre e divertida quando tinha saúde; eu tive a quem puxar nesse meu lado festeiro e festivo. Tenho tantas boas lembranças da minha tia, que gostava muito de fotos e sempre que fazia roupas novas para minha prima, mandava seu Lindolfo Cabral fotografar.
Outro dia meu irmão escreveu um texto sobre os antigos carnavais de União dos Palmares e lembrou que na década de 60 na cidade tinha escola de samba e muita animação.
Além da Associação Atlética Palmarina, o clube do Bangu era também onde se tocava muito frevo. No começo funcionava onde hoje é a Praça Benon Maia Gomes, quase toda destruída pela enchente de 18 de junho do ano passado.
Seu Edvar (pai do vereador Edvan, o Bobo) e Toinho Matias eram o símbolo dos carnavais de União. Representavam a alegria e ainda hoje Toinho não perde um batuque, mesmo com a idade que tem. Eu acho isso lindo, que disposição maravilhosa meu querido amigo tem!
Eles saiam de bobos e de porta em porta; quando eu era criança, outras moças da sociedade palmarina também saiam mascaradas dessa mesma forma. Eu tinha medo, meu pai proibia, até que um dia, ele descobriu que a minha tia levava a gente pro clube e ficou furioso.
Foi pedir permissão ao padre da cidade, porque era muito católico e achava que era tudo pecado. Isso quase no final da década de 60. O padre disse a meu pai que o pecado estava na cabeça das pessoas e a partir daí continuei a brincar com a permissão de seu João, mesmo que ele sempre visse a festa com certa restrição.
Dizem que o Carnaval teve origem em Portugal, hoje em dia já sofreu muitas variações e mudanças, mas eu o vejo como uma manifestação genuinamente nossa, com várias vertentes do folclore brasileiro, desde o boi bumbá, maracatu, o frevo e o samba, entre outras músicas.
Acho bonito e fico encantada quando vejo aquelas matérias sobre o Carnaval de Pernambuco e nos estados onde a tradição é muito preservada e valorizada, principalmente pelos jovens. Tenho saudade daquele Carnaval de antigamente das fantasias e da alegria, sem violência, que fazia com que a gente brincasse os quatro dias de folia, ficando tristes quando chegava a Quarta-feira de Cinzas.
Era nessa época que a gente aproveitada para dançar com nossos paqueras ou arrumar novos pretendentes a tal ou ficar vendo as amigas que arrumavam novos namorados durante os festejos de Momo. Dançávamos com a mão na cintura deles e eles com a mão no nosso ombro.
Não tinha a malícia de hoje em dia, apesar de alguns personagens da turma jovem aproveitarem para sair um pouco da linha. Mas era Carnaval e depois servia de resenha para o resto do ano na cidade.
Da mesma forma que meus pais não freqüentavam festas, muito menos bailes de Carnaval, quando eu tinha 13 anos comecei a brincar à noite com meu irmão mais velho, que também gosta de festas como eu, com os pais das minhas amigas e mais tarde com primas e depois com amigas.
Mas o Carnaval sofreu muitas mudanças e o de Alagoas teve várias fases. Ultimamente tem havido manifestações e esforços de resgate das tradições carnavalescas com o surgimento do bloco Pinto da Madrugada, Seresta da Pitanguinha, o ressurgimento de bailes à fantasia em clubes e isso é muito positivo.
Tomara que as autoridades tomem consciência disso, para que os jovens de hoje sejam informados e aprendam o verdadeiro sentido do Carnaval. Que venha a festa de Momo com a Vassourinha, muito frevo rasgado. Que todos tenham um bom Carnaval e que brinquem em paz e sem violência. E viva o Zé Pereira!
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Aqui dentro tudo é igual
Olívia de Cássia Cerqueira Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...
-
Foto Inteligência artificial Olívia de Cássia Cerqueira (29-09-2024) Quando meus pais morreram, vi meu mundo cair: papai três antes que ...
-
Olívia de Cássia Correia de Cerqueira Jornalista aposenta Revisitando minhas leituras, relendo alguns textos antigos e tentando me con...
-
Olívia de Cássia Cerqueira – Jornalista aposentada (foto Inteligência artificial) Este texto eu escrevi em 1º de setembro de 2009 ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário