segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Diário de bordo

Olívia de Cássia - jornalista

Passei o sábado fazendo uma retrospectiva dos meus 51 anos de vida, de alguns fatos do passado, envolvimentos amorosos e dificuldades outras; mas revisar essas passagens é sempre muito doloroso, às vezes é inevitável, tu sabes, meu diário. Quando isso acontece é sempre quando não estou muito bem, quando estou reflexiva e com algum ruído dentro de mim.

Todos esses pensamentos de agora devem ser por conta dessa dificuldade que estou passando, mas ela é passageira e será da mesma forma que foram tantas passagens em minha vida. Tudo vai passar, eu sei e a minha vida voltará à normalidade. Quando a gente está vivenciando isso deseja dormir e só acordar quando tudo tiver passado e o problema resolvido. Mas ninguém passa impune na vida.

O fato é que, com o fim da minha função em cargo comissionado na Assembleia Legislativa, fiquei um pouco perdida, tanto que quase todas as manhãs eu saio e fico vagando no comércio de Maceió, sem saber o que fazer. Desde o dia 1º de fevereiro deste ano fiquei sem a maior parte da minha renda e isso tem mexido muito comigo, com minha autoestima e com a minha cabeça.

Se já não dava para pagar todas as contas com o que eu recebia, imagina agora, com menos da metade, que é o prolabore da cooperativa, na Tribuna Independente. Procuro na pensar muito nessa questão. O dinheiro não é tudo, eu sei.

Já passei por situações bem piores, é um perrengue danado essa minha profissão. Mas me preocupa essa questão, mesmo que eu tente não pensar muito nisso. Na minha idade a gente se preocupa muito mais com estabilidade financeira e com a sobrevivência.

Nunca fui muito ligada nesses itens práticos da vida. Se a minha mãe não tivesse me deixado uma casa, que construiu antes de ir para outro plano, hoje eu ainda viveria de aluguel. A casa tem quase dez anos de construída e já apresenta algumas falhas e precisa de muitos reparos. São tantas contas, impostos e obrigações que nunca sobra nada.

Agora, com a perda de mais da metade do que eu recebia há seis anos, a história se complica ainda mais. Mas diário, eu tenho muitos planos ainda, apesar da idade e da pouca saúde.

Desde 2004 concluí o meu livro de memórias; de lá para cá já cortei e acrescentei muita coisa, cada vez que vou fazer uma revisão. Preciso agora fazer uma busca final e dar outra revisada. Minha amiga Eliane Aquino, amizade de longas datas, fez uma linda e generosa apresentação, mas até agora eu não consegui verba para a publicação.

Tudo é muito complicado e difícil para quem não tem influência política e dinheiro. O tempo está passando, já não sou uma jovem cheia de sonhos, estou na meia idade. Procuro levar a vida com mais humor e descontração, não querendo pensar tanto nas dificuldades físicas e materiais.

Meus pais, onde eles estiverem, dever estar tristes diante das minhas fraquezas e incompetências. Seu João me dizia que jornalismo não era profissão que desse para a gente tocar a vida e conseguir sobreviver com dignidade.

Até que tenho muitos amigos que vivem bem. Mas essa nossa profissão, além de talento é preciso ter santo forte, ter muita sorte e saber aproveitar as oportunidades, coisa que eu não soube fazer.

Confesso aqui, meu diário, que há alguns anos eu recusei propostas irrecusáveis, por conta dessa tal ideologia e maneira de pensar diferente. Pura besteira e imaturidade minha; agora estou sofrendo as conseqüências da minha ingenuidade.

Hoje eu não seria capaz de cometer uma loucura de recusar uma proposta de trabalho que não me afete a dignidade e a moral, mas que me dê qualidade de vida. Mas como dizem por aí, ‘o cavalo só passa selado na frente da gente uma vez na vida’.

Tu sabes, diário, que eu sempre fui muito tola, romântica e por causa desse lado meu, perdi essas oportunidades. Agora estou aqui, sem saber o que fazer, procurando uma alternativa de como fazer para restabelecer minhas finanças e assim poder dormir mais sossegada.

Na minha profissão, enviar currículo não adianta, ninguém dá valor. Já deixei até recado no Orkut e no Facebook, pois preciso pagar minhas contas e viver menos apertada financeiramente. Vou fazer de conta que esse fim de semana não existiu. Se bem que aproveitei para adiantar e terminar leituras.

Não coloquei a cara na rua durante o dia. O computador pifado, sem internet, um calor insuportável, eu passei a manhã e a tarde mudando de lugar para ler melhor. Sem grana para comprar novos livros estou fazendo uma releitura do que já tenho por aqui, os livros da minha pequena biblioteca.

A programação da TV não ajuda muito e ainda bem que a semana recomeça e pelo menos no horário da tarde e à noite ainda tenho a Tribuna Independente para trabalhar, graças a Deus. Quem souber de alguém que esteja precisando de assessor de imprensa estou disponível no horário da manhã e começo da tarde. Boa semana para todos!

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